segunda-feira, 11 de julho de 2011

E cada vez mais sujeira pra debaixo do tapete!

Cesar Cielo Filho. Brasileiro. Nadador. Medalha de ouro nos 50 metros rasos da natação na Olimpíada de Pequim, em 2008. O mais novo herói nacional. A mais nova ratificação do esforço de se encontrar um ícone que faça a alegria do povo brasileiro.

Trata-se de um atleta jovem, mas que já tem história para colocar em seu currículo. Mas uma situação abalou a confiança que o torcedor tem em relação ao nadador: Cielo, bem como outros três nadadores brasileiros, foram pegos no exame antidoping – acusados de usar substância proibida durante a disputa do troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, em maio deste ano. Uma notícia chocante, surpreendendo a todos. Uma pena. Porém, se a justiça é para todos – como exigimos em caso de punição a corruptos -, Cielo e os outros três nadadores deveriam ser suspensos preventivamente, aguardando julgamento prévio. Porém, em decisão estranha, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) apenas advertiu os nadadores, e a vida segue. Correto? Claro que não. E a lição, infelizmente, vem do exterior.

Informados sobre o caso, e a respeito da branda punição aos atletas, a Federação Internacional de Natação (FINA) resolveu mostrar aos dirigentes e organizadores brasileiros como é o modo de ação em casos como este: já enviou ofício pedindo a revisão da “pena” da CBDA, e levará Cielo e os demais envolvidos ao banco dos réus desportivo – tudo para manter a lisura nas competições. Assim, fica assegurada a disputa honesta. E por que não fora tomada a medida correta pelos “cartolas das águas”, ou os cartolas olímpicos, do Brasil, de suspender os acusados? Porque jogar a sujeira pra debaixo dos tapetes espalhados pelos quatro campos do país é mais conveniente.

A política brasileira de “passar a mão na cabeça” extrapolou todos os limites, com o caso Cielo. É da consciência de quase todos que, no Brasil, pessoas ligadas a crimes têm um olhar mais contemplador de líderes, ou, até, da sociedade. Punição justa não ocorre por aqui: o cara pode matar quem e quantos forem, mas não passará de trinta anos na cadeia; um estrangeiro pode matar ou roubar o quanto quiser em seu país, mas basta fugir pro Brasil, e ter um filho em solo nacional, pra que ganhe cidadania local; o cara pode estar preso por roubo ou estupro, mas ganha indulto em datas comemorativas, podendo sair e curtir uma liberdade temporária; e por aí vamos. (Reparem que, em nenhum momento, comparo o delito de Cielo com crimes de colarinho branco ou de homicídios; mas, sim, comparo – e igualo - às ridículas punições sentenciadas).

Em 2007, o jogador de futebol Dodô, então atleta do Botafogo, foi pego no exame antidoping, depois de partida pelo Campeonato Brasileiro da categoria. A punição de Dodô era simples: punição de dois anos, de acordo com as normas da FIFA. Mas, a sentença inicial do atacante, na Justiça Desportiva Brasileira, adivinha? Absolvição! O técnico Muricy Ramalho, à época treinador do São Paulo, declarou que estavam abrindo um “perigoso precedente” com a sentença. Porém, a entidade máxima do futebol mundial estava atenta ao caso, deu um puxão de orelha nos dirigentes brasileiros, e marcou um novo julgamento para Dodô, que pegou justos 120 dias de suspensão. O que fica de lição é: se é com os outros, tem de ser punidos; se é com brasileiro, vamos tentar dar um jeitinho.

É na base do jeitinho que a sociedade é pautada. Não só em Brasília, mas em todas as capitais e demais cidades que estão dentro do território que vai do Oiapoque ao Chuí. O “jeitinho”, que consegue mitigar situações escabrosas; que consegue aliviar a barra de pessoas que cometem delito; que consegue acabar com qualquer tentativa de educar pessoas e determinar valores positivos em determinadas situações.

Pior ainda é quando o “jeitinho” ataca o esporte: uma prática que serve para educar, para integrar, para desenvolver, para suprimir (ou suavizar) a miséria, para construir mitos às crianças e aos jovens, para dar mais alegrias diante de tantos impropérios e barbaridades espalhadas pelas câmaras e senados afora, mas que acaba refém de pessoas que só querem o próprio bem-estar financeiro. Claro que não seria saudável, financeiramente, ver Cesar Cielo fora do Mundial de Natação em piscinas curtas, a se realizar em abril de 2012 – daí a “advertência”.

Para o bem de (quase) todos, e pra felicidade geral de quem quer ver o Brasil melhor e mais honesto, espero que Cielo receba a punição justa e exemplar... mesmo que venha dos estrangeiros. Infelizmente, serão eles (estrangeiros) os responsáveis por não incutir, na mente das crianças, que doping é natural – algo que a cartolagem brasileira adora fazer, quando dá aos atletas que lançam mão de substâncias proibidas sentenças brandas. Assim, ainda fico com uma ponta de esperança.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Não acredite...

Sei que sou chato. Mas, muito?

Sei que às vezes exagero. Mas, tanto assim?

Só não pensava ser viscoso...

E, olha que precaução é fundamental pra mim!

Mas, acabei com os olhos desvendados...

A sensação, adivinha? Amarga!

Meu mundo caiu? Não, apenas se esclareceu...

E, quando estamos a fim de saber a verdadeira verdade, todos os sonhos se dissipam...

E olha que os sonhos eram simples, bem simples...

Simplórios? Nenhum sonho deve ser diminuído...

Mas os meus eram simplistas...

Aí chega aquela pessoa e pergunta: “E agora, parceiro?”.

Agora... agora... agora... sei lá...

Deixa eu tentar me reerguer...

Deixa eu tentar sonhar de novo... com o novo...

Deixa eu...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pontos corridos de uma tradição

Tudo que é tradicional agrada ao brasileiro, dentro do futebol. Ele não gosta muito de inovação. Assim aconteceu quando fora divulgado, em 2002, que o Campeonato Brasileiro seria disputado no sistema de pontos corridos (todos jogam contra todos em dois turnos, e quem somar mais pontos torna-se o campeão) e não mais no sistema mata-mata (eliminatório em dois jogos de ida e volta depois da fase de classificação). Com esta atitude, morria as tradicionais finalíssimas, e nascia o bom gerenciamento e planejamento dos clubes que pretendiam ser campeões. À época, inclusive, diziam que o Brasileirão por pontos corridos "não pegaria". Mas pegou.

Além do fato de a detentora dos direitos de transmissão da competição - Rede Globo - estar faturando com a venda de jogos avulsos ou por pacotes no sistema pay-per-view, outro detalhe que corrobora o espírito dos pontos corridos está na boca do povo. Agora, qualquer competição que envolva jogos entre si gera uma disputa sadia entre torcedores das equipes participantes do determinado certame. E o Campeonato Paulista de 2011 comprova que, no Brasil, tudo é questão de costume.

Antes, quem acompanha o futebol dizia que a fórmula do pontos corridos "tiraria a graça do campeonato". Mas não foi o que ocorreu. O Brasileirão utiliza esta fórmula desde 2003 e não teve abalada sua estrutura, tampouco emoção. E o Paulistão atesta essa tese quando um time chega à liderança. O torcedor do time que toma a dianteira sai pelas ruas jactando-se aos amigos e conhecidos "Somos líderes!". Mas, ao contrário do Brasileirão - que usa apenas o sistema de pontos corridos -, o Paulistão mescla o sistema em que todos jogam entre si - mas somente em turno único - com mata-mata na fase decisiva.

Com essa mistura, nem sempre quem está na liderança será sucessivamente o campeão do torneio. O `líder`da primeira fase pode cair no chamado `mata-mata` e dar adeus à boa campanha incial e ao título. Daí fica a pergunta: como fica aquele torcedor que vê seu time ser líder, e que, com isso, tira sarro da cara do colega torcedor de um time rival? Isto é obra da nova cultura do futebol brasileiro, que extinguiu `a decisão` e colocou no lugar `várias decisões` por rodada.

O sistema de pontos corridos é o melhor ao Brasileirão. Com ele, a honestidade e melhor desempenho ao longo da competição acarretam em glórias. Com o sistema `mata-mata`, a (falta de) sorte é um trunfo considerado das equipes. Ponto à CBF, que peitou os clubes e torcedores e bancou o sistema. Hoje, o Brasileirão é um campeonato que não constesta seu campeão. A cultura brasileira foi modificada e ninguém morreu ou entrou em crise por conta disso; sempre semanas antes do Natal alguém será feliz ou triste, mas de forma justa. A própria CBF e demais Federações também poderiam modificar algumas culturas e começar a fazer do futebol brasileiro mais sério e limpo. E outros setores da sociedade brasileira também poderiam modificar suas culturas - como a da corrupção - e fazer do Brasil mais digno.

domingo, 10 de abril de 2011

Pensamentos Aleatórios

Diante da trajédia do dia 07 de abril no bairro de Realengo (RJ) - no qual um cidadão entrou em uma escola pública e disparou tiros contra crianças que lá estudavam -, o ministro da educação brasileira, Fernando Haddad, deu a seguinte declaração: "Hoje (07 de abril) é um dia de luto para a educação brasileira". Tratou-se de um acontecimento terrível, sim, porém, é preciso alertar o ministro de que a educação no Brasil está de luto há, pelo menos, três décadas.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é um Pelé, mas é um Rogério Ceni

Presenciamos um momento histórico no dia 27 de março de 2011. Rogério Ceni, o maior goleiro do São Paulo Futebol Clube de todos os tempos, alcançou uma marca histórica dentro do mundo futebolístico. Um recorde outrora inimaginável. Ele, que deveria apenas se limitar a defender a meta tricolor e da Seleção Brasileira, foi além, fazendo o que muitos atacantes não conseguem: gols, 100 gols! Um feito somente comparado à marca obtida pelo Rei Pelé no dia 19 de julho de 1969, quando o 'atleta do século' marcou seu milésimo gol no gramado do maior de todos os estádios (à época), o Maracanã.


Rogério Ceni é um exemplo de profissionalismo. Em pouco mais de 15 anos de carreira, raramente se envolveu em confusão. Além de ser referência a demais atletas em baixo das traves, é um exemplo à juventude de como um cidadão deve se portar em relação ao seu trabalho e vida: dedicar-se ao máximo para obter o sucesso. E, quem se deu bem nesta história foi a torcida tricolor do Morumbi. Com Ceni na meta, e no entorno da grande área adeversária para bater suas faltas ou converter pênaltis, o São Paulo reencontrou a rota dos títulos, interrompida logo após o revés são-paulino frente ao Velez Sarsfield, em 1994, pela Copa Libertadores da América.


Enquanto ia salvando gols com defesas monstruosas, o goleiro-artilheiro foi marcando seus golzinhos e conquistando o título continental e mundial em 2005, e três Campeonatos Brasileiros em sequência (2006, 07 e 08) - fato inédito na história do torneio. Com isso tudo, fica explicitado o quão Rogério Ceni fez bem ao São Paulo e ao futebol nacional. E, convenhamos, o feito obtido por ele na Arena Barueri é digno de comparação com o milésimo gol do Pelé, sim. Só perguntar àqueles que viveram sua fase adulta nos anos 1950, 60 e 70 para saber: era normal goleiro fazer gol? De maneira alguma. O gol é um êxtase, mas nem todos têm capacitação para alcançá-lo. Não foi o caso de Ceni, que sempre teve faro para salvar gols, e instinto para fazer gols.


A vítima não poderia ter sido melhor: o arquirrival Corinthians. Uma imagem que ficará perpetuada na história: o instante em que Ceni ajeita a bola na entrada da área e, com a extrema categoria corriqueira, coloca no ângulo direito do arqueiro corinthiano Julio Cesar. Uma imagem emblemática, assim como a de Pelé cobrando pênalti no canto esquerdo de Andrada no jogo do milésimo gol do Rei, entre Vasco da Gama e Santos. O goleiro vascaíno sempre deixou claro que detestou ter levado o gol, pois sempre aparecerá não defendendo a bola do Rei - e, para um goleiro, sempre com o pensamento de defender, é uma ofensa, inclusive.


Agora não tem mais volta. Sempre que as televisões, sites, ou até os jornais impressos forem se lembrar do centésimo gol de Ceni, a imagem ou os nomes Julio Cesar e Corinthians aparecerão. Mas, não deve ser encarado como tristeza, Julio Cesar. Afinal, você faz parte da história, agora. Uma história que começou em 1997 e alcançou seu ápice em 2011. Cem gols de Ceni. Feito que deve ser comparado sempre ao milésimo gol do Rei. A torcida são-paulina agradece. O futebol brasileiro agradece. O mundo reverencia o feito. A bola, e as redes, contemplam este fantástico atleta chamado Rogério Ceni.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ovo neles

Ladrões de estrada não param nunca, não me refiro só ao roubo em si, mas as maneiras de roubar. De certa forma, existe uma constante preocupação em se reciclar, alternativas para facilitar o trabalho. Afinal de contas a surpresa é a alma do negócio.

Os furtos nas estradas costumam envolver pedras, pregos, para obrigar a parada do veículo. Entretanto, os ladrões começaram a observar um alto grau de perigo aos usuários, muitos acidentes e pouco lucro. Precisavam investir em algo mais seguro e rentável.

A solução estava na cozinha. Ao invés de pedras, ovos. Isso mesmo, inofensivos e deliciosos ovos. O mais bacana é a razão da escolha, uma resposta negativa a afirmação de serem os ladrões burros.

Um ovo jogado no vidro, não é motivo para o carro parar, o motorista pode continuar dirigindo, porém na sua esperteza, a reação será de limpar o vidro. Acontece que o contato da água com toda a gosma babenta do ovo cria um líquido que impossibilita a visibilidade. Não será mais possível dar continuidade no percurso e será o momento perfeito para o ladrão. Fantástico não?!

Por essas e outras afirmo ser a criatividade desta brasilidade algo realmente plausível.

terça-feira, 29 de março de 2011

Erradicação de qual miséria?

A erradicação da pobreza é vista como uma necessidade antiga. A presidente Dilma Rousseff utilizou desta fala para valorizar seu discurso de candidata à presidência - não apenas ela usou como todos os demais político tem utilizado.

O discurso funciona, mesmo em pleno século XXI onde a facilidade de informação nós mostra ser este um discurso falso. Isto porque a miséria não pode ser de toda erradicada e porque observamos, mais profundamente, uma ausência de desejo em efetuar esse trabalho. Simples, como erradicar a miséria sem oferecer o básico?! Não basta apenas Bolsa Família, é preciso água para beber, esgoto tratado, energia, educação, infraestruturas básicas para uma vida digna. Condições para a conquista individual do pão de cada dia.

Não são promessas políticas, mas direitos de um ser humano, basta ler a cartilha dos direitos humanos para sabermos que algo de errado existe neste raciocínio de erradicação da miséria. O que era para ser, naturalmente, direito do cidadão virou promessa política para mostrar quem é mais amigo da população.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Poltrona Vermelha: Cópia Fiel

Cópia Fiel (Copie Conforme, 2010) é o típico filme que não entra na rede Cinemark é tem uma riqueza e enredo incrível. O iraniano Abbas Kiarostami fez um belíssimo trabalho em sua primeira experiência fora do Irã. Elle (Juliette Binoche) é amante de arte, mãe e fã do charmoso escritor James Miller (William Shimell). O bonitão escreveu “Cópia Fiel”, nome que dá título ao filme, e fulana vê a necessidade de encontrá-lo para pedir alguns autógrafos e discutir questões que não concorda. Pronto o jogo irá começar.

A bela Toscana será a paisagem para narrar uma história um tanto quanto intrigante. Juliette Binoche está fantástica, brilhantismo em atuação e nas várias versões lingüísticas, o filme passeia pelo italiano, francês e inglês, não necessariamente nesta ordem e nem de maneira linear, isto é, momento o diálogo poderá acontecer com mais de uma língua.

A graça do filme está em toda essa confusão, não só lingüística, mas na tentativa de descobrir o valor de uma obra original e uma cópia fiel, afinal de contas, a cópia fiel é basicamente a original, certo?! E, de fato o original existe?! As artes são discutidas de todas as suas formas, formatos, ideias e ideais.

O enredo fica cada vez mais divertido e misterioso na medida em que os personagens se mostram mais próximos do que pareciam ser, porém, ao mesmo tempo, não sabemos se realmente o são, ou se tudo não passa de um jogo atuado por ambos. Interessante observar como o Miller começa a entender e falar uma língua inicialmente desconhecida, não se trata de falha técnica, porém uma tentativa de nós deixar mais confusos com tudo.

A fotografia e direção de arte fizeram um trabalho sensacional, certamente as tomadas de câmera não ficaram atrás, são de tirar o chapéu; muitas vezes sentimos sermos os olhos dos personagens, correrá o risco de achar que realmente está participando do acontecimento. O envolvimento é imediato, seja para tentar desvendar o mistério ou pelo fascínio pelas imagens exploradas.

Tudo encaixa, as badaladas contam as horas, contam os passos, Elle colocando sua cabeça no ombro de Miller, a luz do sol e até a discussão do porque experimentamos vinho antes de tomar a garrafa toda, se não poderemos trocar. Logo, um filme onde basicamente um casal discute a relação vira uma obra de arte.

E a dúvida fica no ar e todos no cinema saem discutindo o quê, afinal de contas, eles são?! Originais ou Cópias Fiéis?! Após uma resposta não encontrada uma senhora articulou: “filme de arte é tudo assim, a gente não entende o final”. Desculpe, mas defendo - bons roteiros são os surpreendentes do começo ao fim, onde o fim, na verdade, não existe, pois voltamos para casa sem um ponto final.




Cópia Fiel (Copie Conforme)
Lançamento: 2010 (França, Irã, Itália)
Direção: Abbas Kiarostami
Atores: Juliette Binoche, William Shimell, Jean-Claude Carrière, Agathe Nathanson.
Duração: 106 min
Gênero: Drama

quinta-feira, 17 de março de 2011

Belas Artes - lembrança histórica

Na rua Consolação esquina com a Av.Paulista fica o cinema Belas Artes. Fundado em 1952 é visto como um dos lugares para assistir filmes fora do meio comercial. Utilizado por moradores da região e "jovens cults".

Uma das grandes atrações do espaço é o Noitão Belas Artes, a compra do ingresso lhe dá direito a assistir três filmes e um café (bolacha, bolo, sucos e bombom) no final da sessão. A balada cultural começa 00h e vai até 06h da manhã. Uma alternativa diferenciada para os amantes por filmes e aqueles que querem conhecer novas pessoas, até porque, entope.

Além disso nada mais é tão diferente neste cinema, a não ser o fato de estar localizado na rua. Nada de lojas de shopping para distrair no caminho. A parte ruim, para os acostumados com a rede Cinemark, é o fato de algumas salas não serem estadium, o som não ser grande coisa e você correr o risco de ouvir o som do filme da sala ao lado. Mas, a sensação de estar, de certa forma, na sala de casa vale o ingresso.

Muitos não conheciam todo esse jeitão Belas Artes de ser. Foi a partir de 31 de março de 2010 que os olhos da população voltaram para o cinema de rua, isto porque a partir desta data o então patrocinador Banco HSBC divulgou que não mais patrocinaria o espaço. Pronto, foi o suficiente para começar a longa história do cinema, tudo indica que acabará hoje.

O cinema tentou novo patrocinador para sobreviver, não conseguia, quando conseguiu, já era tarde demais. Para completar sua saga, o proprietário do prédio não quis renovar o contrato, pois viu uma nova, e melhor, oportunidade comercial com uma loja que deseja o espaço. As negociações entre proprietário do cinema e do prédio vem acontecendo desde 30 de dezembro de 2010. E após valores absurdos, o cinema perdeu sua chance e está marcado seu fechamento para hoje. (Pelo menos até última notícia).

Até a população já tentou se intrometer no assunto, seja na vida real ou on-line. Interessante observar a briga desta nova geração pela preservação da história da cidade. Algo paradoxo. Pelo menos, conseguiram abrir um processo de tombamento do edifício, se este processo ganhar, certamente podemos considerar como vitória do povo. Interessante mesmo é observar o comportamento governamental e de empresas que se dizem apoiadoras da cultura, isto é, uma movimentação quase nula. Como um cinema deste não conseguiu um novo patrocinador em meio a tantos amantes da cultura no meio empresarial?!

Claro que questionamentos sobre o acontecimento Belas Artes são complicados de serem feitos pois ninguém, de fato, contou o que realmente aconteceu. Não sabemos muito do cinema, antes do acontecimento HSBC o cinema ficava vazio, perto das datas de fechamento (foram várias) o cinema estava lotado. Então talvez o rendimento não seja tão positivo para manter um cinema de rua.

A questão é que antes de vivermos em um mundo cultural vivemos em um mundo capital. O dinheiro tem poder ante a cultura. Uma pena, pois perdemos riquezas sem valor - como o casarão Matarazzo que virou um estacionamento, ou vários outros edifícios antigos não valorizados, e muitas vezes, até abandonados.

O crescimento e desenvolvimento de um lugar ainda não encontrou uma forma mais equilibrada de lidar com sua história, ainda não compreendeu a necessidade de estabelecer alguns pontos eternos. Entretanto, quem somos nós para julgar essa dificuldade?! Quantos de nós não jogamos fora as 'velharias' de casa, etc. Difícil.

Sentirei saudades do cinema, já estava acostumada com sua presença e fiz amizades com pessoas bem esquisitas por lá. Os filmes, terei que corrrer atrás de outro lugar, e não sei se encontrarei. Esta é a vida em constante transformação, a nós basta acostumar, brigar, fotografar e não esquecer.


sexta-feira, 11 de março de 2011

Estamos preparados?!

Divulgação
São Paulo experimentou muita água nesse verão, não apenas a cidade e parece que ultrapassou o Estado também. Ainda hoje vemos outros estados sentindo a presença da água que cai do céu. E tudo indica ser uma tendência o aumento destas águas, não o contrário.

A questão é que não vemos muita preparação por parte do governo, seja com alternativas para lidar com tudo isso, ou educação para como a comunidade deve lidar com situações deste tipo. A 'melhor solução' vista pelas autridades é a construção de piscinões, para tanto novos piscinões serão construídos em um prazo de dois anos, entrentanto, pensando na quantidade de água deste ano, e não pensando a mais. Estranho?!

Hoje lemos e assistimos a notícia do terremoto de 8.9 na escala Ritcher no Japão que, consequentemente, causou um grande tsunami e destroí o nordeste do Japão. O evento natural ainda causa efeitos em parte dos Estados Unidos, porém em nível mais baixo.

Há 140 anos o país não sentia tremor deste nível, o estado de emergência foi declarado e apesar do estrago, a situação ainda não foi pior devido a preparação do país. Japão já sentiu a fúria da natureza por mais de uma vez, logo, se prepara. Nos Estados Unidos também ouve uma organização de emergência ao saber da possibilidade de reação em suas terras, mas, também estão acostumados a se preparar para situações como estas.

Nosso país, infelizmente, ainda não conseguiu lidar nem com as intensas chuvas, logo, me pergunto o que seria de nós em eventos como estes: terremotos, tsunamis, furacões, etc.,etc. É preciso começar a pensar nestas questões, já estamos atrasados, e a natureza tem dia a dia mostrado a sua reação ante o comportamento humano para com ela.

É preciso prestar atenção ao que está acontecendo ao redor, para compreender que piscinões já são a melhor opções, ultrapassados e insuficientes. É torcer para o pior não acontecer por aqui, ou, estarmos preparados, de alguma forma, para as novidades da natureza em território brasileiro.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pensamentos Aleatórios: Lei Seca

Quando vi o título do artigo acima tive que ler. Quais as dúvidas com relação à lei seca?! Bem, você verá que não há nada de novo, os mesmos questionamentos do passado e, pior, comparação com estradas de Portugal e Espanha...ei, alguém sabia que aqui tem muito mais gente, carro, etc., etc.?! Como fazer esse tipo de comparação?!

Falar sobre a necessidade da educação de trânsito e melhor fiscalização também são utopias em um país cuja educação básica é vista com pouca importância. Mas, sem tirar os olhos dos motoristas tenho experiência em educação de trânsito, não na direção, mas a teoria assisti pelo menos duas vezes (aqueles zilhões de aulas), mesmo tendo uma diferença de quase 5 anos e escolas diferentes, as apostilas eram as mesmas e pasmem, as piadas dos professores também, bem como os vídeos de acidentes de carro.

Fugi da novidade! Agora é preciso passar por mais aulas de CFC e mais aulas de direção, lembrando que essa aula de direção não nos ensina nada, a não ser o necessário para passar em uma prova desnecessária. Você não saíra sabendo usar todas as marchas, se não chover não saberá usar o limpador de parabrisas, e correr o risco de não saber nem onde liga o farol. Resumindo um ensinamento tão ruim e ultrapassado quanto o da escola primária.

Quanto a fiscalização diária nas ruas, o que dizer de lugares que ficam dias sem semáforo funcionando e nenhum CET para organizar a bagunça?! Ou, carros visivelmente impossibilitados de andar, passeando por aí como se tudo estivesse bem! Aposto ser o número de profissionais do trânsito menor do que o necessário.

O tempo passa e a responsabilidade é sempre jogada para o cidadão, enquanto a participação do governo é cada vez mais minimizada. Talvez se de fato cada um fizesse sua parte, não teríamos nem a necessidade de uma Lei Seca, pois a consciência e o bom senso fariam o seu trabalho.

terça-feira, 8 de março de 2011

O Discurso do Oscar

Já faz uma semana desde o evento cinematográfico mais glamoroso do ano, o Oscar. Os cinemas entram em um pique de loucura para passarem todos os filmes a tempo da premiação, e apesar de ser algo já datado, sempre temos os principais filmes às vésperas da premiação, ou não chegam a passar. Talvez para não dar tempo de esquecer as histórias, vai entender?!

A grande questão é que a preparação para o evento possui toda uma agitação única, enquanto o momento pré Oscar modifica até as escolhas dos filmes para assistir o pós premiação não costuma empolgar a ida ao cinema. Os jornais, on-line ou impressos, participam de tudo até dois dias após o evento, e pronto, nada mais acontece. Meio como os discursos rápidos ao ganhar a estatueta.

Se o Oscar não é tão lembrado semanas depois, quanto mais após um evento tão chato e previsível. A sua força principal, ultimamente, está mais em firmar tendências de moda, não da sétima arte, mas das roupas. Não é à toa que foram escolhidos dois jovens atores para a apresentação da cerimônia (Anne Hathaway e James Franco) e que Anne tenha trocada de roupa mais vezes do que contou piada. Não posso deixar de dizer que Anne pelo menos tentou conquistar sua plateia, enquanto Franco parecia não muito à vontade e forçado a algo indesejável.

Mesmo assim, eles continuam tentando manter o humor, porém ou eles adoram piadas sem graça, ou de fato nossa tradução simultânea estraga tudo, na verdade ainda não assisti uma entrega com tradução simultânea ao invés de opiniões simultâneas.

Quanto aos vencedores tem sido cada vez mais fácil descobri-los, logo o Cinemark não fará mais a promoção de um ano de cinema gratuito para não ter prejuízo. Artistas são premiados por consolação de anos anteriores e os velhos interesses econômicos entre países. Não desmerecendo os indicados, mas é fato serem alguns pouco merecidos; até porque ainda não compreendo como “172 horas” foi indicado, ante a sua semelhança com o filme, pouco explorado, “Enterrado Vivo”.

Esta é outra questão que o Oscar não se decidiu. O que fazer para ganhar uma estatueta?! Filmes como “Cisne Negro” e “Minhas Mães e Meu Pai”, certamente não seriam premiados, como não foram. Apesar dos temas, das discussões e da qualidade artística (no caso do Cisne Negro), existe uma apresentação comportamental feminina muito forte para uma estatueta hollywodiana.

“O Discurso do Rei” levou o prêmio principal e é de fato um filme especial, de qualidade incontestável e boa direção - brasilidade de certa forma antecipou quem seria o vencedor-, contudo fica claro ser uma premiação mais pela necessidade de uma ‘sala’ com a Rainha Inglesa do que propriamente por reconhecimento.

A melhor animação para “Toy Story 3” também não foi surpresa, a contar seus fracos concorrentes e a tradição do filme que trouxe um novo mundo de animação para os cinemas.

Os atores e atrizes ganharam com merecimento – Natalie Portman mostrou um trabalho incrível em Cisne Negro, bem como Colin Firth em O Discurso do Rei, outros atores também representaram uma atuação de qualidade. Contudo, o mais complicado, neste caso, é compreender como tem sido mensurado essas atuações, já que o indicado Jeff Bridges fez um bom papel em “Bravura Indômita”, mas nada grande o suficiente a ponto de ser indicado, devido a incrível semelhança com o papel que lhe rendeu o Oscar em “Coração Louco”.

A verdade é que o ator que consegue o Oscar em um ano, certamente será indicado para o ano seguinte, independente de seu trabalho. Se você ainda não observou isso, comece a prestar atenção. Além de atrizes coadjuvantes menores poderem até ser indicadas, como foi o caso da brilhante Hailee Steinfeld (Bravura Indômita), mas sem chance para ganhar a estatueta.

As carteirinhas carimbadas deixam a festa cada ano mais chata, seja por conveniência, preguiça, tradição ou despreparo de uma equipe que parece não ter enxergado as mudanças no mundo, o fato é que é preferível ver a notícia no dia seguinte a ficar até altas horas acordados vendo uma festa de vestido, piadas ruins e péssimos comentários realizados por Rubens Ewald Filho e José Wilker.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A novidade, no Oscar


No próximo domingo, será realizada a cerimônia do Oscar. E, mais uma vez, milhões de pessoas deverão acompanhar a grande festa do cinema mundial. Mesmo com o grande número de espectadores, já tem algum tempo que estes se interessam mais pelas indumentárias dos atores e pelos vestidos finos e penteados modernos das atrizes, do que propriamente com quem vencerá nas categorias. Dentre os principais motivos por este desinteresse estão decisões políticas dos membros e jurados da Academia, que acabam consagrando filmes que talvez não fossem merecedores do prêmio, em detrimento a outras obras mais elaboradas e acabadas - e isso se estende aos atores, atrizes, roteiros...

Mesmo assim, há um razoável número de pessoas que ainda se interessam pelos vencedores nas categorias, independentemente das injustiças. Se Danny Boyle não era merecedor do prêmio de direção em 2009 por Quem Quer Ser Um Milionário, uma vez que Gus Van Saint foi brilhante conduzindo Milk, o mesmo não pode ser atribuído a Kathryn Bigelow, vencedora do Oscar de direção por Guerra ao Terror, de forma contundente, em 2010. Entre as injustiças e as barbadas, o prêmio continua vivo e com muitos seguidores. Aos brasileiros, a grande novidade no Oscar 2011 é que a cerimônia antecederá o Carnaval - algo raro na história, uma vez que a folia ocorre no mês de fevereiro, na maioria dos casos. Ou seja, se antes o cinéfilo tinha depressão pós-carnaval com algumas decisões absurdas da Academia, agora poderá curar a ressaca caindo no samba se algo não lhe agradar.

À premiação - que elege os melhores de 2010 - o grande favorito é O Discurso do Rei. A obra, que narra a luta do rei George VI para vencer um problema crônico (gagueira), é o estilo prefiro de filme que a Academia gosta. O longa-metragem de Tom Hooper deverá vencer nas categorias melhor filme, melhor direção, melhor roteiro, e melhor ator, para o competente Colin Firfh - brilhante no papel do rei gago. Alia-se a isso o fato do filme ter vencido o prêmio dos principais sindicatos de filmes espalhados pelos EUA e pela Europa. É um prenúncio da vitória, no domingo, pois tem o perfil ideal entres os membros que elegem os vencedores: possui bom enredo, tem o tema ‘superação’ no roteiro, atores afinados...

Todavia, se o Oscar fosse justo, a grande disputa seria restrita a Cisne Negro, A Rede Social e Toy Story 3. Não que sejam filmes inovadores - pelo contrário, todos os filmes indicados e aqui citados não passam de meros clichês extraídos de outras películas. Mas, sim, porque se trata de longas-metragens mais densos e com ação psicológica que prendem a atenção do espectador - no caso de Cisne e A Rede -, e com muita emoção e simplicidade - no caso de Toy Story - sem cair na pieguice. Cisne Negro é nervos à flor da pele com seu jogo psicológico, mexendo com o imaginário de quem o assiste; A Rede Social é uma trama muito bem elaborada, tendo uma direção poderosa e uma trilha sonora fantástica; e Toy Story 3, sem dúvida, é o melhor filme da safra - independente de ser uma animação.

Como melhor atriz, Natalie Portman é nome quase certo para vencer, por sua interpretação da bailarina frágil de Cisne Negro. Cristian Bale, em O Vencedor, é barbada para vencer a categoria ator coadjuvante; já como atriz coadjuvante, talvez as maiores incertezas, uma vez que Melissa Leo e Amy Adams estão excelentes em O Vencedor. Como melhor diretor, Tom Hooper (O Discurso) deve levar, embora David Fincher tenha feito um trabalho mais consistente por A Rede Social. Na categoria filme estrangeiro, o mexicano Biutiful, de Alejandro Gonzáles Iñárritu, é o favorito, embora se trate de um filme pesado aos padrões Oscar, o que pode culminar na vitória de outro país. Certo mesmo é que o grande perdedor da noite deverá ser Bravura Indômita, de Ethan e Joel Coen. Embora seja um bom filme de faroeste, não deve cair nas graças dos membros da Academia.

Agora, só resta esperar por domingo para sabermos quem serão os grandes vencedores do Oscar 2011. O Discurso do Rei? Cisne Negro? Toy Story 3? A Rede Social? Não se sabe. Mas, decerto, os figurinos e as celebridades serão os grandes vencedores, aos olhos da maioria dos espectadores. E, aos brasileiros cinéfilos, é esperar a abertura do envelope indicativo do vencedor e cair na folia do Carnaval...ou esperar por ele, a fim de curar a ressaca dos perdedores.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cinema: A força do Discurso

A gagueira pode irritar muitos, para outros passar desapercebida, mas problema mesmo é quando a pessoa gaga precisa discursar, constantemente, para grandes públicos. Imagine então um presidente, um rei.

O Discurso do Rei (The King's Speech, 2010) contará exatamente a trajetória de um homem que acabou se tornando rei, porém, o maior problema enfrentado era exatamente falar em público. Sua gagueira só piorava e não conseguia realizar seus discursos.

George (Colin Firth), com a ajuda de sua esposa muito persistente, tentará driblar esta questão. Após várias tentativas se encontrará com o australiano, não muito normal, Lionel Logue (Geoffrey Rush). Mais do que lidar com a gagueira e compreender por que ela está presente em sua vida George aprenderá muito sobre amizade e sobre si mesmo.

A história é bem construída. Um enredo lento, no começo, porém necessário e não chega a ser cansativo. As belas imagens fascinam, além do bom humor presente nas cenas com Lionel e George.

Não vale a pena ficar avaliando se a história contada está de acordo com a realidade do pai da então rainha Elizabeth II. Legal mesmo é deixar se envolver pelo desafio de George.

Este desafio reafirma o poder da comunicação, das palavras ditas verbalmente ou expressadas, independente da maneira como as utilizará; a verdade é que são significativas. Não se trata somente de conseguir realizar um belo discurso ou declarar palavras as pessoas. A comunicação tem mostrado, desde sempre, o quão poderosa é. No filme ainda reafirmada pelos acontecimentos Hitler - ele pode ter sido um ditador, mas ninguém pode negar a sua competência no falar.

Colin Firth dá um banho de atuação, definitivamente sua indicação ao Oscar faz sentido. Nos unimos a ele e Lionel na tentativa de fazê-lo falar adequadamente; não se surpreende se no discurso, que dá nome ao filme, você não conseguir respirar como se quisesse emprestar suas cordas vocais ao rei.

Geoffrey Rush não fica atrás, uma atuação fantástica e seu personagem valoriza o protagonista, em alguns momentos é possível se questionar quem é o protagonista da história. Além de ser o responsável por muitos momentos de humor neste drama.

Outra indicada ao Oscar neste filme é Helena Bonham Carter na pele da zelosa e corajosa Elizabeth. Sem muitas falas, porém com presença marcante e importante. Estes três atores conseguiram, com certeza, construir uma cumplicidade intensa e interessante de ser observada.

O filme não chega a ser no estilo 'cult' e também não entra completamente no modelo 'hollywodiano', o que permite a qualquer um arriscar ficar quase duas horas na frente da tela. Não se preocupe a competência da história, atores e imagens não te fará sentir cansado e não estará perdendo tempo. Além de ser um grande lição de superação.

Obs: O Discurso do Rei tem 11 indicações para o Oscar 2011, não é exagero e certamente pelo menos um ou dois levará.


O Discurso do Rei (The King's Speech)
lançamento: 2010 (Inglaterra)
direção:Tom Hooper
atores:Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael Gambon.
duração: 118 min
gênero: Drama

domingo, 30 de janeiro de 2011

E por que não, a mundial São Paulo!


São Paulo completou 457 anos no último dia 25. A maior metrópole da América do Sul fez uma bonita festa para comemorar mais este aniversário. O tempo esteve um esplendor, o que alegrou o feriado daqueles que constroem a pauliceia desvairada - e que mereciam um descanso. Inúmeros atrativos celebraram a data: shows, exposições, visitas a parques ou museus, reabertura da biblioteca Mario de Andrade, atividades esportivas, entre muitos outros eventos. Mas uma atração, em especial, chamou a atenção.

Começou bem cedo - por volta das 10 horas. Tinha um sol para cada indivíduo. Mas não importava, pois naquele momento estava presente a personificação do é que São Paulo: tratava-se da decisão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, entre Bahia e Flamengo. Tudo porque envolvia duas equipes de outras cidades do Brasil, mas que conseguiram levar uma torcida de, aproximadamente, 20 mil pessoas ao estádio Dr. Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu, deixando-o lindo.

Como a final era no período matutino, a movimentação em torno do estádio era grande já por volta das 9 horas. Um mar de pessoas andando de um lado para outro, buscando o portão de entrada de suas torcidas, tudo para apreciar o duelo. Flamengo e Bahia têm torcedores fantásticos e fanáticos. Não era dúvida que eles comparecessem para prestigiar suas agremiações. Mas o grande detalhe está na diversificação das pessoas. Naquele instante todo o Brasil estava inserido na multidão vestida de rubro-negro e/ou com as três cores do time baiano. Pessoas que personificam a forma como a cidade foi construída. Boa parte são pessoas que saíram de suas cidades para "fazer São Paulo".

A eleição presidencial de 2010 ressuscitou um sentimento ridículo de rivalidade que só existe na cabeça de pessoas estúpidas que acreditam que São Paulo é maior que os demais Estados da Federação. À época, pessoas não se conformavam com a iminente vitória do governo atual, o que, na cabeça pequena de muitas pessoas, traduzia-se em mais benefícios ao povo nordestino. Um ciúme de criança. Houve uma menina de São Paulo que sugeriu para que todos os nordestinos fossem afogados, provando o preconceito existente no âmago de pessoas sem informação, mas que adora dar sua opinião sem embasamento algum. Passadas as eleições, e passados dois meses do bombardeio insensato de exortações contra o povo do norte e nordeste, tudo parece ter sido esquecido. Ninguém mais fala de ‘fora, Dilma’ ou ‘afoguem os nordestinos'.

O que esse tipo de pessoa ainda não se deu conta é que a capital paulista não pertence só a ele – intitulam-se, simplesmente, como ‘paulistanos de direito’. A capital pertence a todos. Em cada construção, há a participação de pessoas que vieram de outras cidades; na parte cultural, gente de fora traz emoção e espetáculo para o deleite do ‘paulistano da gema’; na culinária, nos negócios, nos esportes, etc. Enfim, São Paulo é do mundo.

A final que reuniu Flamengo e Bahia foi perfeita para mostrar a algumas pessoas a força que vem de outros estados. O show das torcidas foi impressionante. O Pacaembu não ficou completamente lotado. Mas reunir um número expressivo de pessoas em um dia de folga, com um sol escaldante logo pela manhã - e ainda por cima para assistir a uma partida entre jogadores abaixo dos 20 anos -, prova que São Paulo, sozinha, não consegue se movimentar. Ela precisa das pessoas que aqui fazem a grande locomotiva do Brasil andar. Fiz questão de me sentar junto à torcida do tricolor de aço. O Flamengo derrotou o Bahia por 2 a 1 e faturou o caneco. Mas isso não importa. O grande triunfo foi de uma lenda: a São Paulo de 457 anos, com suas pessoas de dentro, e com suas pessoas de fora.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A reforma do Deck

Dizem que brasileiros não reagem muito a não produtividade de seu governo. Bem, discordo. Acredito, de verdade, na ausência de passividade deste povo. A diferença está no modo como se expressa, às vezes, em um voto, outras em um grito besta, ou colocando fogo no ônibus.

Somos um povo criativo isto não pode ser negado, quantos dos nossos foram levados embora por suas ideias. Talvez, por esta razão, este seja o nosso tempo, um tempo em que ideias valem ouro.

Passeando pela orla marítima de Santos/SP fui até o Deck do Pescador. Lugar delicioso, com luzes, banquinhos, pescadores e suas iscas piscantes e coloridas, você ainda pode ver navios de carga na ponta do nariz e se tiver pique, aguardar até o amanhacer para observar a chegada dos cruzeiros marítimos.

O deck passa por reforma, a parte realizada ficou de tirar o chapéu, mas, o outro lado do deck não foi finalizado. Bem, segundo um parente da última vez que esteve lá - outubro/2010 - para hoje nada mudou, isto é, são apenas três meses sem a finalização de um pedacinho de nada. Isso até onde nós, meros turistas, sabemos.

Entretanto, um aviso, pregado na madeira, de Sra.Vagaresa pode nos esclarecer um pouco sobre o acontecimento e digo, eles estão de olho, quando acham que o povo se calou, estão mais participativos do que nunca e, com o senso de humor bem verde e amarelo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O País não tem como se antecipar às tragédias? Relaxa, o jeitinho brasileiro resolve!

O Rio de Janeiro enfrenta, pelo segundo ano consecutivo, problemas com as chuvas de verão, já contumaz no Brasil. Dessa vez a tragédia foi sem precedentes: mais de 850 mortos e aproximadamente mais de 500 pessoas desaparecidas na região serrana do estado fluminense (números que poderão aumentar). Segundo informações das Organizações das Nações Unidas (ONU), trata-se da décima maior tragédia envolvendo deslizamento de terra no mundo em todos os tempos. Uma tristeza que assolou o início de 2011 do povo carioca e do Brasil. Porém, em termos. Aliás, essa fatalidade escancarou velhos problemas que só a mais ingênua pessoa não conseguia enxergar.

O ‘show’ de descaso começou a alguns quilômetros de distância dos deslizamentos. No mesmo dia em que os bombeiros e voluntários iniciavam sua batalha para tentar salvar vidas, no bairro da Gávea um acontecimento importante, porém, em momento inoportuno, ocorria: Ronaldinho era apresentado no Flamengo, enquanto que o desespero tomava conta de Teresópolis e demais municípios próximos. Quase 20 mil pessoas se espremeram no acanhado estádio do clube para ver a apresentação do ex-craque. Enquanto isso, pessoas sofriam com as consequências das chuvas que castigavam a cidade. Isso é mais uma prova que de hospitaleiro e bondoso o brasileiro tem é muito pouco. Além do quê, dinheiro é tempo aos empresários.

Mas como o futebol é a ‘coisa mais importante entre os assuntos menos importantes’, consegue-se dar um alento a esta falta de sensibilidade da senhora Patrícia Amorim – presidenta do Flamengo – e das pessoas envolvidas na apresentação inoportuna. Precisa-se ficar atento com os principais detalhes do acontecimento.

Os deslizamentos atingiram diversas casas que se encontravam próximas às encostas de morros. Simplesmente um convite para a tragédia. Podemos entender que pessoas pobres venham a escolher locais como esses para morar por falta de condições financeiras para morar em outros lugares. Mas qual a justificativa para que pessoas abastadas mantivessem casas em locais de alto perigo? A mesma causa dos pobres: o simples fato de não pagarem os impostos que o governo impõe. Com essa apropriação, os donos dos imóveis simplesmente fugiam de suas responsabilidades como cidadãos. Mas eles podem, por que não, culpar o governo pelo desastre, afinal, alguns políticos e pessoas influentes mantinham suas próprias casas lá também; ou seja, não desapropriaram a área porque não era conveniente a eles.

Dois dias depois da chuva que culminou nos deslizamentos de terra, o vice-governador do Rio de Janeiro, o senhor Luiz Fernando Pezão declarou que “a maioria não era de risco”, em relação aos locais atingidos. Bom, se os locais eram incólumes, por que então essa quantidade de vítimas fatais e de tantos desaparecidos? Alguém precisa avisar ao vice-governador que imóvel perto de morro, perto de vulcão, perto de aeroporto, sempre será área de risco. Ou seja, colocar a culpa na chuva, ou em São Pedro, ou em São Cosme Damião, ou no Bin Laden não funciona mais.

Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, a consultora da ONU para desastres naturais, a senhora Debarati Guha-Sapir, proferiu as frases mais sensatas declaradas até agora: “Brasil não é Bangladesh. Não tem desculpa (para o ocorrido)”. Uma pessoa plena de suas consciências, que está neste mundo apenas para contribuir com o bem estar da sociedade e da comunidade, sabe que não tem mesmo desculpas para tanta falta de preparo. Que a secretária está correta, não se tem dúvida. Mas o equívoco dela está na parte onde diz que o Brasil não é igual ao pobre país asiático: o ‘gigante sul-americano’ consegue ser pior que Bangladesh, e não são em poucos casos. A crônica de várias tragédias anunciadas está estampada em cada esquina das cidades do país. Os acontecimentos na região serrana do Rio escancaram a falta de preparo de todo mundo: autoridades, bombeiros e policiais, imprensa, transeuntes, etc. E ainda tem motorista, que deveria transportar as doações, desviando os donativos para si próprio.

Porém, uma notícia finalmente agradou aos ouvidos das pessoas que fiscalizam e se preocupam com uma nação mais justa e digna a todos. A notícia não é nada animadora, mas, só assumir o erro já é um início: o Brasil declarou à ONU não ter a capacidade de lidar com tragédias desta magnitude. Seus centros de inteligência apenas engatinham àquilo que é esperado, que é o da prevenção antes da ocorrência das tragédias. Admitir esse fato é uma prova de que os governantes tupiniquins estão começando a se preocupar com os desastres naturais e com outras possíveis tragédias. Mas também tem um problema chamado Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016: daí a preocupação em não arranhar a imagem da sede durante estes eventos.

Aliás, o Brasil não está preparado para alertar a população sobre problemas, tampouco educa a população para que se sobressaiam diante do acontecimento. Como exemplo, se hoje um prédio arder em chamas muitas pessoas ou vão se atropelar nas escadas de emergência, ou irão até tomar o elevador, tamanha a falta de preparo para enfrentar as tragédias. Os deslizamentos de terras ao longo dos anos, as enchentes, entre outros, nos provam isso.

As cenas da tragédia no Rio são impactantes até para a mais fria pessoa. Ver a mulher sendo resgatada por uma corda por dois corajosos rapazes arrepia e emociona. Estes sim souberam justificar a fama de que brasileiro é solidário. Por estas pessoas ainda caio na sandice de acreditar no Brasil. Como eu ‘odeio’ esses cidadãos, que ‘acabam com a minha alegria’. Mas a brasilidade transborda com eles. Porque transbordar com as enchentes não traz muitas boas lembranças.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O retorno do rei


Uma vez tive a petulância de cravar: Clint Eastwood é o melhor diretor em atividade. Isso foi há dois anos. E, no mesmo comentário, preteri a Francis Ford Coppola. Tudo porque o renomado diretor norte-americano - que nos brindou com a obra-prima O Poderoso Chefão (1972), entre outros - andava um pouco sumido das grandes telas; já Eastwood surgia com, pelo menos, um filme anual para o nosso deleite. Clint ficou um pouco chato - vide os razoáveis e sonolentos Invictus (2009) e Além da Vida (2010). Já Coppola está de volta à velha forma com o competente Tetro.

Coppola é um diretor reservado, tratando-se de filmes. Nos últimos dez anos, só laçou um longa-metragem, o que ressalta a sua preocupação com o roteiro que colocará para rodar. Agora, depois do ostracismo, o veterano diretor retorna com um assunto que ele próprio já tratou: a relação fraternal. Em O Selvagem da Motocicleta (1983) a ligação entre o irmão mais novo que quer ser igual ao irmão mais velho dá a tônica do filme. E em Tetro ocorre algo parecido.

O filme se passa inteiramente em Buenos Aires e na Patagônia. Bennie (interpretado por Alden Ehreinreich) é um rapaz próximo de completar 18 anos que trabalha em um navio. Porém, devido a problemas, a embarcação acaba parando na Argentina. Ele aproveita a forçada estadia para procurar Tetro (interpretado por Vincent Gallo), seu irmão mais velho - este se recolheu na capital portenha a fim de tirar um ‘ano sabático’. Mas para o espanto de Bennie, seu irmão o trata como um parente de sangue apenas em locais reservados: na frente dos conhecidos, o chama de amigo. Tentar entender o porquê Tetro fugiu do seio familiar, e qual motivo o levou a renegar a família serão os desafios do jovem rapaz.

Há ainda mais um mistério no filme: a relação de Tetro com o "maioral", no caso, o pai tanto dele quanto de Bennie. Ali se constrói um elo de ligação às avessas entre Tetro e o Pai, interpretado pelo veterano - e sempre soberbo - Klaus Maria Brandauer. Os diálogos pesados entre os irmãos e a obscuridade dos motivos que levaram Tetro a construir uma nova identidade ditam o ritmo da trama. Outra parte importante do filme é a mulher de Tetro, Miranda (interpretada pela linda, e convincente, Maribel Verdú, de E Sua Mãe Também - 2001): ela se torna uma espécie de pilar de sustentação na vida do protagonista, cuidando da saúde mental dele.

O mega-diretor retorna com uma trama interessante e uma direção fantástica. Inverte-se aquilo que é tradicional. O filme é rodado em preto e branco com uma maestria única, contendo tomadas de luz fantásticas que deixam o longa-metragem com ar de filme noir. O contraste das cores impressiona. A cena de amor entre Tetro e Miranda nos trás a classe com que Coppola se dedicou ao filme, com o corpo da atriz sendo coberto pela luz negra. E todas as lembranças tanto de Tetro quanto de Bennie são coloridas, o que deixa a narrativa mais interessante. Como é bom ver Francis Ford Coppola de volta. Os cinéfilos comemoram, em tempos de tecnologia de ponta, mas sem conteúdo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Coração Louco (Crazy Heart, 2010)

Alguns filmes não precisam de estórias milaborantes, muito menos efeitos especiais surreais para serem excelentes. Uma estória simples pode ter uma força incrível quando bem direcionada. Este é o caso de Coração Louco (Crazy Heart, 2010). A estória: um cantor country alcoólatra e falido tentando sobreviver como pessoa e como cantor, encontra uma mulher que mudará tudo e, claro, o amigo verdadeiro.

O diferencial fica por conta de Jeff Bridges o ator que entra na pele de Bad Blake, e ganhou, merecidamente, o Oscar de melhor ator. Bad Blake conquista e, torcemos para que ele saia vitorioso em sua caminhada. A fotografia e direção do filme também colocam a estória em um patamar elevado, dando atenção a mínimo detalhes que fortalecem a criação de uma personagem - como quando Blake faz xixi logo após uma ligação em telefone público, isto é, xixi na beira da estrada.

Os demais atores também permitem uma equipe de primeira. Maggie Gyllenhall é a jornalista
Jean, por quem Blake se apaixona. Collin Farrel também surpreende ao soltar sua voz. Ainda bem, pois não estraga a bela e encantadora trilha sonora preparada para este filme. Muita country music de qualidade, com pitadas de blues e as clássicas, claro. Vale a pena ter em casa.

Um filme gostoso de assistir. Para ser visto em casa com som alto, não é preciso pensar muito, apenas acompanhar a história. Alguns até se emocionarão, outros, talvez, achem um pouco lento. Mas, a estória tem seu clímax bem pontuados, não deixando pontas soltas e nem criando acontecimentos sem nexo. E, no final, o importante é cuidar de si mesmo, não desistir jamais, aceitar o recomeço e sempre ter aquele amigo em que possa confiar sempre.



Coração Louco (Crazy Heart, 2010)
Elenco:Maggie Gyllenhaal, Jeff Bridges, Colin Farrell, Robert Duvall,
Beth Grant, Sarah Jane Morris, Tom Bower,
Annie Corley, Alexandria Morrow, Luce Rains.
Direção: Scott Cooper
Gênero: Drama
Duração: 112 min

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A dupla dinâmica que empobrece o futebol brasileiro

Pelé falou: "Se ele gosta tanto do Grêmio, que vá jogar de graça lá. Está com a vida feita". O Rei do futebol proferiu esta frase em direção a um dos maiores jogadores do século XXI - mas que, desde eleito o melhor jogador de 2004 e de 2005, nunca mais se dedicou ao esporte da forma como o torcedor e admiradores desejam -: Ronaldinho Assis, o Gaúcho. E tudo porque, mais uma vez, o jogador e seu irmão-empresário, Roberto Assis, pensam mais em qual banco colocar os milhões de dólares que estão oferecendo ao jogador do que propriamente no clube aonde irá jogar.

Para quem acompanha futebol sabe que a dupla Ronaldinho/Roberto gosta de um pouco de mimo, de uma bajulação. E jamais se esquecerão do que os irmãos Assis aprontaram com o clube que os lançou ao futebol. Tanto Roberto, quanto Ronaldinho, fizeram sucesso no Grêmio. Roberto, inclusive, foi campeão da primeira edição da Copa do Brasil com o tricolor gaúcho. Depois, passou a gerenciar a carreira - que parecia ser promissora - do irmão mais novo, Ronaldinho. Quando o Gaúcho apareceu ao Brasil - ao marcar um gol antológico ante a Venezuela na Copa América de 1999 pela Seleção Brasileira - Roberto logo viu uma mina de ouro dentro da sua própria casa. E, logo em seguida, em uma ação mesquinha, a dupla conseguiu passe livre de forma escusa e deu um até logo ao clube que os revelou, transferindo-se ao Paris Saint-Germain.

Após sofrer um ‘drible’ dos irmãos, o Grêmio levou alguns anos para assimilar o ato nefasto da dupla boa de bola e de lábia. Uma grande perda financeira o clube sofreu. Inclusive, o time dos Pampas foi rebaixado em 2004 à Série B do Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, Ronaldinho foi à Europa jogar seu futebol, ser eleito o melhor jogador do mundo por duas vezes, cair na noitada europeia, e levou seu irmão junto para cuidar da vida do atleta.

Passados quase 10 anos do fato, novamente a dupla está envolvida em polêmica. Tudo porque fora feito um leilão entre três clubes brasileiros para saber aonde Ronaldinho irá jogar em 2011: Flamengo, Palmeiras, e o próprio Grêmio sonham em repatriar o atleta. Na verdade o leilão foi realizado pelos irmãos, a fim de saberem quem daria mais pelo passe de Ronaldinho.

Mas a galhofada realizada pelos dois nas últimas semanas irritou aqueles que amam o futebol. Ok, ninguém mais, em sã consciência, imagina um jogador que atue por um clube por amor. Já entramos em uma década aonde beijar o escudo do time tornou-se hipocrisia e, até, propaganda enganosa. 98% dos atletas jogam único e exclusivamente pensando em dinheiro. Todavia, o que os irmãos Assis fizeram foi algo deplorável, que gerou revolta em todas as partes envolvidas: as diretorias dos três clubes interessados nos atletas, os empresários que negociavam com o empresário Roberto, revolta entre os torcedores destes clubes. E até no Rei Pelé.

Se Ronaldinho é torcedor do Grêmio, como ele próprio declarou, que vá para lá por amor ao clube. Se está pensando na Copa de 2014, no Brasil, que vá para o Palmeiras. Se está pensando em praias, que vá para o Flamengo. O que não pode são três clubes com milhões de exigentes torcedores, e que, somando-se, têm 15 títulos nacionais, serem reféns de um jogador que há muito tempo não faz jus a fama, além de entrar em campo com o físico debilitado. No dia que Grêmio, Palmeiras e Flamengo derem conta que são muito maiores que os atletas... Além disso, é inadmissível um atleta chegar para receber R$ 1,300 mi por mês, em um momento onde se discute se o salário mínimo será igual ou maior do que R$ 540,00.

Mas são os irmãos que deveriam se envergonhar por toda a situação criada? De maneira alguma: a culpa é dos dirigentes das equipes que, mais uma vez, colocam em risco a saúde financeira dos clubes em prol de um atleta que não quer muito saber de suar a camisa.

No futebol atual, somente 3 jogadores sobrevivem à prática do amor à camisa: Rogério Ceni pelo São Paulo, Marcos pelo Palmeiras, e Léo Moura pelo Flamengo. São exemplos que todo amante do futebol gostaria que acontecesse ainda hoje. Os três resgatam a nostalgia de tempos não tão distantes. Tempos no qual o futebol era prazeroso não só de torcer, mas também, de assistir. Tudo ao contrário do que a dupla de fanfarrões, os irmãos Assis, provocam. Chega de mercenários da bola! E, dirigentes, usem mais a cabeça de cima, por favor.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Pensamentos Aleatórios

Pesquisa realizada em três hemocentros brasileiros constatou que o risco de se contrair HIV, via transfusão de sangue, no Brasil, é 20 vezes maior que nos EUA. Mas não era o `gigante sul-americano` um dos pioneiros no combate ao vírus transmissor da AIDS no mundo? Cuidado com a sua transfusão, companheiro(a)!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Celebridades Política

Incrível o que a falta de um marido não faz em um país como Brasil.

Dilma é discutida nas rodas de conversa como possível pessoa que gosta de pessoas do mesmo sexo - não me lembro de discussão semelhante para políticos sem mulher. E, na ausência de uma primeira-dama a esposa do vice-presidente ganha mais destaque do que o discurso da presidenta e até do que a própria presidenta.

Três dias após a posse vejo mais fotos de Marcela Temer e fatos sobre sua vida, do que sobre o café da manhã de Dilma Rousseff em sua nova residência. Não me surpreenderei se a casa de Dna.Temer parar nas folhas de CARAS.


A Bela Brasilidade

sábado, 1 de janeiro de 2011

Mulheres no Poder?!

O primeiro dia de 2011 foi caprichado na Brasília de Niemeyer. O dia escureceu e a chuva fez questão de animar a festa presidencial. Festa especial, em um país de raízes patriarcais onde mães sustentam suas famílias e se responsabilizam pelo funcionamento da mesma, a mulher conseguiu chegar ao topo máximo. Não mais presidente e sim presidenta. Ok, a imprensa parecia ainda não gostar do novo termo, já que na posse da Excelentíssima Dilma Rousseff se recusou a usar o novo termo e persistiu em 'a presidente'.

A chegada de Dilma foi ofuscada pela chuva intensa, que impossibilitou a tradicional entrada pela rampa -perigo de quedas-, a entrada ficou pelo subsolo. Uma chegada molhada, tumultuada, digna de celebridade pop.

As primeiras palavras de Dilma contaram com a promessa de compromisso com 'a integridade e independência' brasileira. Verdade!? Fala repetida?! Normal...

O discurso da presidenta foi caprichado, ao estilo Lula, porém sem o tom carismático. O agradecimento ao ex-presidente já era esperado, as mulheres foram exaltadas, sem se desligar da importância presidencial de Lula. "Após homem do povo trabalhador uma mulher", relembrou.

Dilma não deixou de lado os brasileiros. Em seu discurso fez questão de valorizar os 'brasileiros e brasileiras' tão trabalhados e desenvolvidos por Lula para transbordar essa brasilidade existente em cada um de nós. "Vivemos um dos melhores momentos da vida nacional", afirmou a presidenta.

A continuidade é vista como necessária, para Dilma 2011 será um período de consolidação da obra transformadora realizada pelo governo Lula. E seguindo essa linha recordou a importância da participação de todos nesta continuidade, um 'país continental'. Onde a probreza precisa ser erradicada, as pequenas empresas constantemente valorizadas e desta maneira confirmar ser o Brasil uma das "nações mais desenvolvidas e menos desiguais do mundo".

O discurso foi um pouco longo e um tanto quanto utópico, mas estamos para ver neste mundo contemporâneo da política qual não o é. Afinal de contas, como lidar com uma fala sobre "remuneração adequada" semanas após a nova remuneração dos parlamentares.

A faixa demorou para ser repassada, mas deu tempo de Dilma passear e acenar, já que a chuva resolveu dar um tempo. A roupa vermelha cedeu lugar ao branco da cultura permanente da 'santidade feminina', junto com ela a curiosidade em saber como será o governo desta mulher comandada e envolvida por tantos homens tipicamente brasileiros.