segunda-feira, 11 de julho de 2011

E cada vez mais sujeira pra debaixo do tapete!

Cesar Cielo Filho. Brasileiro. Nadador. Medalha de ouro nos 50 metros rasos da natação na Olimpíada de Pequim, em 2008. O mais novo herói nacional. A mais nova ratificação do esforço de se encontrar um ícone que faça a alegria do povo brasileiro.

Trata-se de um atleta jovem, mas que já tem história para colocar em seu currículo. Mas uma situação abalou a confiança que o torcedor tem em relação ao nadador: Cielo, bem como outros três nadadores brasileiros, foram pegos no exame antidoping – acusados de usar substância proibida durante a disputa do troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, em maio deste ano. Uma notícia chocante, surpreendendo a todos. Uma pena. Porém, se a justiça é para todos – como exigimos em caso de punição a corruptos -, Cielo e os outros três nadadores deveriam ser suspensos preventivamente, aguardando julgamento prévio. Porém, em decisão estranha, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) apenas advertiu os nadadores, e a vida segue. Correto? Claro que não. E a lição, infelizmente, vem do exterior.

Informados sobre o caso, e a respeito da branda punição aos atletas, a Federação Internacional de Natação (FINA) resolveu mostrar aos dirigentes e organizadores brasileiros como é o modo de ação em casos como este: já enviou ofício pedindo a revisão da “pena” da CBDA, e levará Cielo e os demais envolvidos ao banco dos réus desportivo – tudo para manter a lisura nas competições. Assim, fica assegurada a disputa honesta. E por que não fora tomada a medida correta pelos “cartolas das águas”, ou os cartolas olímpicos, do Brasil, de suspender os acusados? Porque jogar a sujeira pra debaixo dos tapetes espalhados pelos quatro campos do país é mais conveniente.

A política brasileira de “passar a mão na cabeça” extrapolou todos os limites, com o caso Cielo. É da consciência de quase todos que, no Brasil, pessoas ligadas a crimes têm um olhar mais contemplador de líderes, ou, até, da sociedade. Punição justa não ocorre por aqui: o cara pode matar quem e quantos forem, mas não passará de trinta anos na cadeia; um estrangeiro pode matar ou roubar o quanto quiser em seu país, mas basta fugir pro Brasil, e ter um filho em solo nacional, pra que ganhe cidadania local; o cara pode estar preso por roubo ou estupro, mas ganha indulto em datas comemorativas, podendo sair e curtir uma liberdade temporária; e por aí vamos. (Reparem que, em nenhum momento, comparo o delito de Cielo com crimes de colarinho branco ou de homicídios; mas, sim, comparo – e igualo - às ridículas punições sentenciadas).

Em 2007, o jogador de futebol Dodô, então atleta do Botafogo, foi pego no exame antidoping, depois de partida pelo Campeonato Brasileiro da categoria. A punição de Dodô era simples: punição de dois anos, de acordo com as normas da FIFA. Mas, a sentença inicial do atacante, na Justiça Desportiva Brasileira, adivinha? Absolvição! O técnico Muricy Ramalho, à época treinador do São Paulo, declarou que estavam abrindo um “perigoso precedente” com a sentença. Porém, a entidade máxima do futebol mundial estava atenta ao caso, deu um puxão de orelha nos dirigentes brasileiros, e marcou um novo julgamento para Dodô, que pegou justos 120 dias de suspensão. O que fica de lição é: se é com os outros, tem de ser punidos; se é com brasileiro, vamos tentar dar um jeitinho.

É na base do jeitinho que a sociedade é pautada. Não só em Brasília, mas em todas as capitais e demais cidades que estão dentro do território que vai do Oiapoque ao Chuí. O “jeitinho”, que consegue mitigar situações escabrosas; que consegue aliviar a barra de pessoas que cometem delito; que consegue acabar com qualquer tentativa de educar pessoas e determinar valores positivos em determinadas situações.

Pior ainda é quando o “jeitinho” ataca o esporte: uma prática que serve para educar, para integrar, para desenvolver, para suprimir (ou suavizar) a miséria, para construir mitos às crianças e aos jovens, para dar mais alegrias diante de tantos impropérios e barbaridades espalhadas pelas câmaras e senados afora, mas que acaba refém de pessoas que só querem o próprio bem-estar financeiro. Claro que não seria saudável, financeiramente, ver Cesar Cielo fora do Mundial de Natação em piscinas curtas, a se realizar em abril de 2012 – daí a “advertência”.

Para o bem de (quase) todos, e pra felicidade geral de quem quer ver o Brasil melhor e mais honesto, espero que Cielo receba a punição justa e exemplar... mesmo que venha dos estrangeiros. Infelizmente, serão eles (estrangeiros) os responsáveis por não incutir, na mente das crianças, que doping é natural – algo que a cartolagem brasileira adora fazer, quando dá aos atletas que lançam mão de substâncias proibidas sentenças brandas. Assim, ainda fico com uma ponta de esperança.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Não acredite...

Sei que sou chato. Mas, muito?

Sei que às vezes exagero. Mas, tanto assim?

Só não pensava ser viscoso...

E, olha que precaução é fundamental pra mim!

Mas, acabei com os olhos desvendados...

A sensação, adivinha? Amarga!

Meu mundo caiu? Não, apenas se esclareceu...

E, quando estamos a fim de saber a verdadeira verdade, todos os sonhos se dissipam...

E olha que os sonhos eram simples, bem simples...

Simplórios? Nenhum sonho deve ser diminuído...

Mas os meus eram simplistas...

Aí chega aquela pessoa e pergunta: “E agora, parceiro?”.

Agora... agora... agora... sei lá...

Deixa eu tentar me reerguer...

Deixa eu tentar sonhar de novo... com o novo...

Deixa eu...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pontos corridos de uma tradição

Tudo que é tradicional agrada ao brasileiro, dentro do futebol. Ele não gosta muito de inovação. Assim aconteceu quando fora divulgado, em 2002, que o Campeonato Brasileiro seria disputado no sistema de pontos corridos (todos jogam contra todos em dois turnos, e quem somar mais pontos torna-se o campeão) e não mais no sistema mata-mata (eliminatório em dois jogos de ida e volta depois da fase de classificação). Com esta atitude, morria as tradicionais finalíssimas, e nascia o bom gerenciamento e planejamento dos clubes que pretendiam ser campeões. À época, inclusive, diziam que o Brasileirão por pontos corridos "não pegaria". Mas pegou.

Além do fato de a detentora dos direitos de transmissão da competição - Rede Globo - estar faturando com a venda de jogos avulsos ou por pacotes no sistema pay-per-view, outro detalhe que corrobora o espírito dos pontos corridos está na boca do povo. Agora, qualquer competição que envolva jogos entre si gera uma disputa sadia entre torcedores das equipes participantes do determinado certame. E o Campeonato Paulista de 2011 comprova que, no Brasil, tudo é questão de costume.

Antes, quem acompanha o futebol dizia que a fórmula do pontos corridos "tiraria a graça do campeonato". Mas não foi o que ocorreu. O Brasileirão utiliza esta fórmula desde 2003 e não teve abalada sua estrutura, tampouco emoção. E o Paulistão atesta essa tese quando um time chega à liderança. O torcedor do time que toma a dianteira sai pelas ruas jactando-se aos amigos e conhecidos "Somos líderes!". Mas, ao contrário do Brasileirão - que usa apenas o sistema de pontos corridos -, o Paulistão mescla o sistema em que todos jogam entre si - mas somente em turno único - com mata-mata na fase decisiva.

Com essa mistura, nem sempre quem está na liderança será sucessivamente o campeão do torneio. O `líder`da primeira fase pode cair no chamado `mata-mata` e dar adeus à boa campanha incial e ao título. Daí fica a pergunta: como fica aquele torcedor que vê seu time ser líder, e que, com isso, tira sarro da cara do colega torcedor de um time rival? Isto é obra da nova cultura do futebol brasileiro, que extinguiu `a decisão` e colocou no lugar `várias decisões` por rodada.

O sistema de pontos corridos é o melhor ao Brasileirão. Com ele, a honestidade e melhor desempenho ao longo da competição acarretam em glórias. Com o sistema `mata-mata`, a (falta de) sorte é um trunfo considerado das equipes. Ponto à CBF, que peitou os clubes e torcedores e bancou o sistema. Hoje, o Brasileirão é um campeonato que não constesta seu campeão. A cultura brasileira foi modificada e ninguém morreu ou entrou em crise por conta disso; sempre semanas antes do Natal alguém será feliz ou triste, mas de forma justa. A própria CBF e demais Federações também poderiam modificar algumas culturas e começar a fazer do futebol brasileiro mais sério e limpo. E outros setores da sociedade brasileira também poderiam modificar suas culturas - como a da corrupção - e fazer do Brasil mais digno.

domingo, 10 de abril de 2011

Pensamentos Aleatórios

Diante da trajédia do dia 07 de abril no bairro de Realengo (RJ) - no qual um cidadão entrou em uma escola pública e disparou tiros contra crianças que lá estudavam -, o ministro da educação brasileira, Fernando Haddad, deu a seguinte declaração: "Hoje (07 de abril) é um dia de luto para a educação brasileira". Tratou-se de um acontecimento terrível, sim, porém, é preciso alertar o ministro de que a educação no Brasil está de luto há, pelo menos, três décadas.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é um Pelé, mas é um Rogério Ceni

Presenciamos um momento histórico no dia 27 de março de 2011. Rogério Ceni, o maior goleiro do São Paulo Futebol Clube de todos os tempos, alcançou uma marca histórica dentro do mundo futebolístico. Um recorde outrora inimaginável. Ele, que deveria apenas se limitar a defender a meta tricolor e da Seleção Brasileira, foi além, fazendo o que muitos atacantes não conseguem: gols, 100 gols! Um feito somente comparado à marca obtida pelo Rei Pelé no dia 19 de julho de 1969, quando o 'atleta do século' marcou seu milésimo gol no gramado do maior de todos os estádios (à época), o Maracanã.


Rogério Ceni é um exemplo de profissionalismo. Em pouco mais de 15 anos de carreira, raramente se envolveu em confusão. Além de ser referência a demais atletas em baixo das traves, é um exemplo à juventude de como um cidadão deve se portar em relação ao seu trabalho e vida: dedicar-se ao máximo para obter o sucesso. E, quem se deu bem nesta história foi a torcida tricolor do Morumbi. Com Ceni na meta, e no entorno da grande área adeversária para bater suas faltas ou converter pênaltis, o São Paulo reencontrou a rota dos títulos, interrompida logo após o revés são-paulino frente ao Velez Sarsfield, em 1994, pela Copa Libertadores da América.


Enquanto ia salvando gols com defesas monstruosas, o goleiro-artilheiro foi marcando seus golzinhos e conquistando o título continental e mundial em 2005, e três Campeonatos Brasileiros em sequência (2006, 07 e 08) - fato inédito na história do torneio. Com isso tudo, fica explicitado o quão Rogério Ceni fez bem ao São Paulo e ao futebol nacional. E, convenhamos, o feito obtido por ele na Arena Barueri é digno de comparação com o milésimo gol do Pelé, sim. Só perguntar àqueles que viveram sua fase adulta nos anos 1950, 60 e 70 para saber: era normal goleiro fazer gol? De maneira alguma. O gol é um êxtase, mas nem todos têm capacitação para alcançá-lo. Não foi o caso de Ceni, que sempre teve faro para salvar gols, e instinto para fazer gols.


A vítima não poderia ter sido melhor: o arquirrival Corinthians. Uma imagem que ficará perpetuada na história: o instante em que Ceni ajeita a bola na entrada da área e, com a extrema categoria corriqueira, coloca no ângulo direito do arqueiro corinthiano Julio Cesar. Uma imagem emblemática, assim como a de Pelé cobrando pênalti no canto esquerdo de Andrada no jogo do milésimo gol do Rei, entre Vasco da Gama e Santos. O goleiro vascaíno sempre deixou claro que detestou ter levado o gol, pois sempre aparecerá não defendendo a bola do Rei - e, para um goleiro, sempre com o pensamento de defender, é uma ofensa, inclusive.


Agora não tem mais volta. Sempre que as televisões, sites, ou até os jornais impressos forem se lembrar do centésimo gol de Ceni, a imagem ou os nomes Julio Cesar e Corinthians aparecerão. Mas, não deve ser encarado como tristeza, Julio Cesar. Afinal, você faz parte da história, agora. Uma história que começou em 1997 e alcançou seu ápice em 2011. Cem gols de Ceni. Feito que deve ser comparado sempre ao milésimo gol do Rei. A torcida são-paulina agradece. O futebol brasileiro agradece. O mundo reverencia o feito. A bola, e as redes, contemplam este fantástico atleta chamado Rogério Ceni.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ovo neles

Ladrões de estrada não param nunca, não me refiro só ao roubo em si, mas as maneiras de roubar. De certa forma, existe uma constante preocupação em se reciclar, alternativas para facilitar o trabalho. Afinal de contas a surpresa é a alma do negócio.

Os furtos nas estradas costumam envolver pedras, pregos, para obrigar a parada do veículo. Entretanto, os ladrões começaram a observar um alto grau de perigo aos usuários, muitos acidentes e pouco lucro. Precisavam investir em algo mais seguro e rentável.

A solução estava na cozinha. Ao invés de pedras, ovos. Isso mesmo, inofensivos e deliciosos ovos. O mais bacana é a razão da escolha, uma resposta negativa a afirmação de serem os ladrões burros.

Um ovo jogado no vidro, não é motivo para o carro parar, o motorista pode continuar dirigindo, porém na sua esperteza, a reação será de limpar o vidro. Acontece que o contato da água com toda a gosma babenta do ovo cria um líquido que impossibilita a visibilidade. Não será mais possível dar continuidade no percurso e será o momento perfeito para o ladrão. Fantástico não?!

Por essas e outras afirmo ser a criatividade desta brasilidade algo realmente plausível.

terça-feira, 29 de março de 2011

Erradicação de qual miséria?

A erradicação da pobreza é vista como uma necessidade antiga. A presidente Dilma Rousseff utilizou desta fala para valorizar seu discurso de candidata à presidência - não apenas ela usou como todos os demais político tem utilizado.

O discurso funciona, mesmo em pleno século XXI onde a facilidade de informação nós mostra ser este um discurso falso. Isto porque a miséria não pode ser de toda erradicada e porque observamos, mais profundamente, uma ausência de desejo em efetuar esse trabalho. Simples, como erradicar a miséria sem oferecer o básico?! Não basta apenas Bolsa Família, é preciso água para beber, esgoto tratado, energia, educação, infraestruturas básicas para uma vida digna. Condições para a conquista individual do pão de cada dia.

Não são promessas políticas, mas direitos de um ser humano, basta ler a cartilha dos direitos humanos para sabermos que algo de errado existe neste raciocínio de erradicação da miséria. O que era para ser, naturalmente, direito do cidadão virou promessa política para mostrar quem é mais amigo da população.