quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Cretinos #6

Ano de transformações, incertezas, novidades...2009!

Acabou 2009, o ano em que o Brasil definitivamente virou "cool", e o ano em que o mundo teve que trilhar novos caminhos para driblar os obstáculos impostos tanto pela ação do próprio homem, quanto pelas barreiras geradas pela natureza. O fato marcante de 2009, sem dúvida, foi a posse e o início de governo do primeiro presidente negro a comandar a nação mais poderosa do mundo, além de ser o tão esperado sucessor de George W. Bush. Aliás, o prêmio Nobel da Paz recebido por Barack Obama foi outra notícia que surpreendeu a todos, tendo em vista que ele herdou, do governo anterior, duas guerras que talvez o próprio Obama não quisesse estar. Mesmo assim, o "Sr. Nobel da Paz" já avisou: em julho de 2011, todas as tropas americanas deixarão o Afeganistão! Será? Mas não só de Iraque, Paquistão e Afeganistão viveram os Estados Unidos, no que diz respeito à política externa. A crise deflagrada por Kim Jong-Il, presidente da Coreia do Norte, insistindo em seu programa de testes nucleares, assustou o mundo. Outro problema para Washington foi o polêmico anúncio da instalação de bases militares norte-americanas em cidades da Colômbia, que rapidamente foi contestada pela maioria dos líderes sul-americanos. E Obama ainda teve que se preocupar com um nome: Mahmud Ahmadinejad.
Envolto à figura do seu presidente, no ano em que comemorou os 30 anos da sua Revolução Islâmica, o Irã ficou em evidência em 2009. Ahmadinejad começou o ano questionando a existência do Holocausto, em uma conferência da ONU sobre racismo. Depois, envolveu-se em uma crise interna gerada por sua reeleição, uma vez que fora acusado de fraude pela oposição, tendo como saldo várias mortes, vários feridos e pessoas detidas tanto na capital, Teerã, quanto em outras cidades. Incomodou os países do Ocidente com seu programa de enriquecimento de urânio, e ainda conseguiu visitar o Brasil e alguns países da chamada América Bolivariana. Falando em líderes polêmicos, não podemos nos esquecer de Muamar Kadaffi, que completou (surreais) 40 anos no comando da Líbia neste ano. Nem preterir Silvio Berlusconi, que de uma baixa popularidade entre os italianos (muito pelos escândalos sexuais que se envolveu), renasceu "graças" a um ataque contra ele, no qual um agressor atirou um objeto no seu rosto, fraturando o nariz e quebrando alguns dentes do primeiro-ministro italiano. Hugo Chavez, Fernando Lugo e seus casos de paterinadade, Evo Morales, Rafael Corrêa, Álvaro Uribe, a turma sul-americana fez barulho em 2009. Mas não tanto quanto um homem de bigode e chapéu de vaqueiro: Manuel Zelaya.
Ele queria repetir, em Honduras, o que Hugo Chavez fez na Venezuela: um plebiscito popular para uma tentativa de terceiro mandato. Foi deposto, e não mais retornou ao cargo. Mas o maior desafio para todos os líderes de países espalhados pelo mundo veio do México. Um inimigo invisível, que fez muita gente sofrer e mudar de hábitos para tentar vencê-la: a gripe suína. O vírus A(H1N1) foi o resposável por uma pandemia que não era vista desde a década de 1920. Mas além dela, outra crise foi implacável com os chefes de estado, que foi a econômica. Casos de demissões em massa, o pedido de concordata da General Motors, o pedido de moratória dos Emirados Árabes, entre outros, fizeram o planeta ficar estarrecido pelo medo de entrar em uma depressão igual aos anos após a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. No entanto, ao que tudo indica, os países se saíram melhores do que se esperava. No Brasil, foi só uma "marolinha", como disse o presidente. Falando nele, Luis Inácio Lula da Silva foi "o cara". Índices de aprovação de seu governo altíssimos, economia estável ante a crise de 2008, o Brasil emprestou dinheiro ao FMI sob seu comando, e ainda será lembrado como o presidente que realizou a façanha de trazer os Jogos Olímpicos, pela primeira vez, para uma cidade sul-americana, o Rio de Janeiro.
Mas enquanto Lula chegava a esse status de pop, a nação acompanhava mais um ano de mentiras, escândalos, corrupções, falta de coerência nas decisões, peculatos: a desastrada condução do caso Cesare Battisti; atos secretos para beneficiar familiares do presidente do Senado, José Sarney; farra das passagens aéreas para deputados, senadores e familiares; fraude no Enem; corrupção no governo do Distrito Federal (liderado pelo mesmo homem que, em 2001, vioulou o painel do congresso); as lambanças do Supremo Tribunal Federal; presidente que aconselha olhar para a biografia do acusado antes de sentenciá-lo; governador dizendo que vai estuprar o ministro; MST, Via Campesina, CUT, entre muitos outros. O que não faltou foi assunto em 2009. Uma questão foi resolvida: a devolução do menino Sean Goldman ao pai biológico. Outra questão, não: a Lei da Anistia, de 1979, vale para isentar de culpa os torturadores da época da ditadura militar? Nos resquícios dos tempos dos militares, em 2009 fez 40 anos do sequestro mais famoso da história do Brasil, no qual o embaixador norte-americano no país foi capturado por integrantes de movimentos que lutavam contra o regime militar.
Outros casos movimentaram 2009: a queda do avião Airbus, da empresa Air France, no oceano Atlântico, matando 228 pessoas que estavam à bordo; o avanço dos partidos de extrema direita na Europa, e o consequente crescimento da intolerânica contra os estrangeiros; o cerceamento sobre as mídias no mundo todo, com a liberdade de expressão sendo questionada; o caso de eutanásia envolvendo a italiana Eluana Englaro; a história do suposto ataque de skinheads sofrido pela brasileira Paula Oliveira, em Zurique, Suíça; a excomulgação da mãe da menina de nove anos que, ao ser estuprada pelo padrasto, em uma cidade do Pernambuco, ficou grávida de gêmeos, mas abortou; os sequestros de navios na costa africana; a selvageria em uma universidade contra a menina que usava uma saia curta; ataque a um helicóptero e onda de violência no Rio de Janeiro; ano da França no Brasil; crescimento notório da China; assassinatos e revolta contra brasileiros no Suriname. E o país ainda sofreu com o "apagão". Muita gente boa partiu em 2009: Claude Lévy-Strauss, Mercedes Sosa, Pina Bausch, Goffredo da Silva Telles Jr., Paul Samuelson, Friaça, Helio Gracie, Augusto Boal, Michael Jackson, entre outros, farão muita falta ao planeta.
A decepção do ano ficou por conta do fracasso da Conferência Climática, realizada na cidade de Copenhague, a fim de se chegar a um acordo sobre a redução de gases tóxicos emitidos pelos países. A mãe-natureza foi implacável com aqueles que a subestimam: do terremoto que liquidou a cidade de Abruzzo, localizada ao centro da Itália, até o completo alagamento de um bairro da capital paulista, o importante é que todos, desde autoridades até cidadãos-comuns, comecem a tomar as devidas providências para dirimir os efeitos do aquecimento global, e que possam deixar o planeta habitável para as próximas gerações, uma vez que alguns bens, como a água, estão cada vez mais escassos. Pelo menos a questão ambiental estará na pauta de todos os candidatos à presidência do Brasil no ano que vem. Não sei se por conta do PAC (programa de aceleração do crescimento) que enfrenta barreiras ambientais, como a questão da construção da Usina Belo Monte, ou por causa dos fenômenos da natureza que estão acontecendo da forma não esperada, ou pelo fator Marina Silva. Mas que os presidenciáveis, de repente, passaram a pensar no meio ambiente, isso é fato.
2009 terminou, vem aí 2010. Ano que marcará a realização da primeira Copa do Mundo de Futebol em uma país africano. Ano da tentativa de estabilização da economia mundial. Ano do Brasil provar que tem capacidade de ser líder, pleiteando uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Mais que tudo isso, ano do país eleger um novo presidente, aquele (ou aquela) que terá a responsabilidade de substituir Lula. Dilma Rouseff (recuperada de um câncer no sistema linfático), José Serra (que "venceu" a batalha interna contra Aécio Neves pela candidatura do PSDB), Marina Silva, e os demais candidatos que serão lançados, terão a responsabilidade de dar continuidade ao crescimento que acometeu a nação. Graças ao tal Pré-Sal? Graças à estabilização do Real, que em 2009 completou 15 anos de existência? Pode ser a junção desses dois fatores. O importante é o país crescer e ser um pouco mais honesto e justo com a sua população. Queremos votos conscientes, para que tenhamos mais políticos como Jarbas Vasconcellos, que escancarou a corrupção e o parasitismo que tomou conta do Congresso Nacional, bem no ano das comemorações dos 50 anos da capital Brasília. Ou votos (e fiscalização) mais coerentes, ou teremos que aturar mais parlamentares se lixando para nós.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quem é o melhor cineasta da atualidade?

O cinema já nos deu-e a vida já os levou- diversos brilhantes diretores. Akira Kurosawa, Fritz Lang, François Truffaut, Howard Hawks, Stanley Kubrick, Glauber Rocha, Sergei Eiseinstein, Luís Buñuel, Michelangelo Antonioni, entre muitos outros, realizaram verdadeiras obras-primas, mexendo com o imaginário popular e ditando comportamentos, em alguns casos. Na semana passada, encontrei-me com os outros dois colaboradores deste blog. Ambos temos uma paixão em comum: filmes! Dentre os diversos assuntos que a sétima arte pode suscitar, veio uma questão bastante interessante: quem é o melhor diretor em atividade? Divagamos muito acerca desta pergunta, pois não é nada fácil citar "o melhor" diretor de filmes. Porém, elegemos um cineasta que consegue, a cada filme trabalhado, sensibilizar e prender a atenção do espectador com a delicadeza e a genialidade que sempre foram suas principais características.
O primeiro nome lembrado foi o de Woody Allen. Mestre em filmes que abordam o comportamento em sociedade, geralmente envolvendo casos amorosos e com boa dose de humor, ele já nos brindou com "Manhattan","Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", "Hannah e Suas Irmãs" e "Crimes e Pecados". Mas foi capaz de fazer alguns filmes aquém da sua capacidade, como "Dirigindo no Escuro" e "Scoop- O Grande Furo". Ou seja, foi descartado. Poderíamos escolher outro gênio que sabe muito bem falar sobre comportamento, agora de forma mais dramática, que é Pedro Almodóvar. Filmes como "Kika", "Carne Trêmula", "Tudo Sobre Minha Mãe" e "Fale com Ela" são marcos do cinema espanhol que agradaram, em cheio, as plateias do mundo todo. Mas é um cineasta que aborda, na maioria das vezes, sempre os mesmos temas. Ainda não era consenso entre os três. Nossa busca continuava.
Citamos então Steven Spielberg, o cineasta que agrada desde crianças até idosos, que sabe usufruir das tecnologias que os estúdios podem proporcionar, aliando muita emoção e fantasia. Não era interessante preterir um diretor que assinou obras-primas como "A Lista de Schindler", "A Cor Púrpura", " O Resgate do Soldado Ryan" e "Munique". Mas Spielberg escorregou em filmes como "Hook-A Volta do Capitão Gancho" e "Guerra dos Mundos", descredenciando-o do posto de melhor diretor em atividade. O polêmico Roman Polanski poderia ser o escolhido, pois "Repulsa ao Sexo", "O Pianista", e "Chinatown", são maravilhosos. Mas ainda não era o nome desejado por nós. Francis Ford Coppola e David Lynch foram lembrados, mas não estão em atividade constante, portanto, descartamos os dois.
Um diretor aprovado pelo trio foi Martin Scorsese. Cineasta brilhante, de fino trato com as cenas dirigidas por ele, e de talento ímpar com os assuntos abordados, na maioria das vezes relacionados à sociedade americana, já nos presenteou com "Táxi Drive", "A Época da Inocência", " Vivendo no Limite", "Gangues de Nova Iorque", entre muitos outros. Era essa a nossa escolha. Mas quando parecia que a resposta para a nossa pergunta estava encontrada, lembramos de um nome: Clint Eastwood! Conhecido, primeiramente, por suas excelentes atuações em filmes de faroeste dos anos 1960, e imortalizando um dos mais famosos policiais do cinema, o detetive Harry Callahan, da franquia "Dirty Harry", Eastwood arriscou-se atrás das câmeras e se deu muito bem. Seus filmes têm uma dramaticidade e uma intensidade como os de nenhum outro diretor. Além de abordar diversos assuntos ao longo das suas 30 obras realizadas, Eastwood consegue penetrar, com maestria, na alma de qualquer pessoa que assiste aos seus filmes. "Menina de Ouro", "Bird", "Sobre Meninos e Lobos", "Gran Torino", "Coração de Caçador", "Os Imperdoáveis" (o melhor filme de faroeste de todos os tempos), entre outros, fazem os espectadores se emocionarem e, de certa forma, aproximarem-se da realidade que os cerca. Este é Clint Eastwood, o melhor cineasta da atualidade.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cretinos #4

Ponto a ponto até a última rodada!

Terminou, no último dia 06/DEZ/2009, o Campeonato Brasileiro de Futebol mais disputado de todos os tempos. Desde a sua criação, em 1971, pela extinta Confederação Brasileira de Desporto(CBD), atual Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não tínhamos uma disputa tão acirrada pelo mais cobiçado troféu do país. Nada mais, nada menos, que quatro times chegaram à última rodada disputando o título. E por que a competição de 2009 foi a mais concorrida, fazendo com que quatro torcidas ficassem apreensivas pela conquista? Graças à fórmula de pontos corridos!

A história do torneio mais importante do país começou em 1920, com a realização do Torneio Interestadual de Clubes, reunindo os campeões do ano de 1919 dos estados de São Paulo (Club Athletico Paulistano), do Rio Grande do Sul (Brasil de Pelotas), e do Rio de Janeiro (Fluminense). O título ficou com o clube paulista. Passaram-se 16 anos até ser realizado o II Torneio Interestadual de Clubes, vencido pelo Clube Atlético Mineiro. Mas, nessa época, a competição mais importante era o Torneio Rio-São Paulo, que envolvia os quatro principais clubes dessas cidades: Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo, Fluminense, São Paulo, Palmeiras, Santos e Corinthians. A partir da década de 1950, começaram a surgir competições de âmbito continental, como a Copa dos Campeões da Europa e a Taça Libertadores da América, forçando a CBD a criar uma competição nacional oficial, a fim de indicar um representante brasileiro para a disputa do torneio sul-americano.

Surgiu então a Taça Brasil, no ano de 1959, envolvendo os principais clubes de norte a sul do país. Esse formato de competição, que era eliminatório, durou até 1968, sendo substituído pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Mas foi em 1971 o ano de início do Campeonato Brasileiro de Futebol como conhecemos hoje. Seu primeiro vencedor foi o Clube Atlético Mineiro. O que chama a atenção é o fato de, entre 1971 até 2002, a competição ser disputada em sistemas eliminatórios(em uma época, a classificação de um time era feita através da renda de público do mesmo!?!?), no qual privilegiava-se mais a emoção do que a competência. Mas em 2003 o sistema mata-mata foi substituído pela fórmula dos pontos corridos, onde todos jogam entre si, em turno e returno, consagrando aqueles que mais pontos somar. O sistema de pontos corridos é utilizado em campeonatos europeus há décadas, sempre obtendo resultados significativos.

Com a introdução dessa fórmula no Campeonato Brasileiro , o que se viu foi a premiação do time mais bem estruturado naquele ano, mais nem planejado, beneficiando a competência, e não somente a sorte (ou a falta dela). E o torneio disputado em 2009 provou que é possível ter fortes emoções para os torcedores envolvidos sem deixar de privilegiar a competência e a organização, fazendo justiça aos vencedores (e aos perdedores também). Ainda é preciso que a CBF adeque o calendário brasileiro de competições futebolísticas ao calendário da FIFA, para que não aconteça reformulações de elencos com o campeonato em andamento, através do assédio de clubes europeus e o seu dinheiro mais que valorizado. Mas essa iniciativa de moralizar a competição, alterando a fórmula de disputa, foi uma jogada necessária e agradou ao torcedor brasileiro em sua maioria.

Parabéns ao Flamengo, campeão brasileiro de 2009. Parabéns aos classificados para a Copa Libertadores da América e para a Copa Sul-Americana de 2010. Parabéns aos clubes que escaparam do rebaixamento. E boa sorte àqueles que, no ano que vem, disputarão a série B, na tentativa de retornar à elite do futebol nacional em 2011. E vida eterna aos pontos corridos porque, em um país que vai sediar a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, a moralidade e a organização são fundamentais para se obter o sucesso desejado.