sexta-feira, 26 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Haikai do proletariado

na sexta que não anda /
o trabalho que não avança /
na marmita tem quiabo /
e a pinga do buteco /
não aceitam fiado /

o salário não sustenta /
e a dívida só aumenta /
almoço meu quiabo /
que mais parece /
pão amassado pelo diabo

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Começou Chorare

Pronto! Chegou ao fim mais um capítulo histórico do Brasil. Dilma Rousseff foi eleita e declarada a mais nova administradora da maior nação da América do Sul. Pronto! Já sabemos que o PSDB (entenda-se também DEM) ficará mais 4 anos afastado do comando da 8° maior economia do mundo. Pronto! Podemos comemorar. Mas comemorar o quê? Com certeza, o encerramento de um dos maiores teatros – nefastos - que a nação já presenciou que foram as eleições presidenciais de 2010.

A principal lição a ser tirada desta campanha eleitoral - que teve início no segundo semestre de 2009, quando o atual presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, passou a colocar o nome de Dilma Rousseff na mira dos holofotes da mídia – é a de que será necessária uma reforma política, e de forma urgente. Uma reforma que faça o cidadão brasileiro ter prazer em sair de casa para escolher um candidato, e não que ele vá obrigado votar em pessoas que não inspiram a mínima confiança.

Durante o período de campanha, principalmente após a Copa do Mundo, ouvi de muitos amigos manifestações pró-Dilma ou pró-Serra. Eram externados os desejos deles, uns dizendo que o Brasil não merece como governante uma criação de Lula, outros dizendo que não se pode voltar aos tempos de Fernando Henrique Cardoso. Na verdade, o que não pode é ligarmos a televisão e vermos um festival de baixarias e ataques que em nada acrescenta à vida da população.

Os debates realizados por emissoras de televisão e alguns portais de internet foram vergonhosos. O que se viu foi um festival de ataques, de injúrias, de falta de preparo dos candidatos para debater questões legais de interesse público. Nos debates, houve muita denúncia e, pior ainda, muito candidato ‘sabonete’ (o candidato respondia a questão com outro assunto, ou seja, não respondia aquilo que lhe fora perguntado).

A falta de exposição dos planos que cada um dos candidatos prepararam ao Brasil nos próximos 4 anos foi uma das principais causas do desinteresse da população nas eleições presidenciais. No segundo turno, por exemplo, nada menos que quase 30 milhões de brasileiros se abstiveram de votar. Este alto número de pessoas que não votaram foi atribuído ao fim de semana prolongado por conta do feriado de Finados. Mas penso diferente: o feriado foi usado como desculpa para o brasileiro fugir da encrenca em que fora metido.

Outro vilão desta campanha eleitoral foi, por mais um ano, a propaganda eleitoral gratuita ao rádio e à televisão. Esta é uma prática que desagrada o eleitor, que se vê obrigado a assistir a fantoches abrindo e fechando a boca, gesticulando para ver se chama a atenção do espectador. Uma prática – a propaganda eleitoral gratuita - desgastada, no qual a pessoa, em épocas passadas, divertia-se com um bando de gente sem preparo pedindo o seu voto; hoje, o espectador chora e sofre com a falta de respeito de candidatos que desafiam a inteligência do eleitor. Os únicos que sorriram com a propaganda eleitoral gratuita foram as redes de televisão a cabo, para onde migraram os telespectadores da televisão aberta.

O sufrágio é importante, é um direito do cidadão em qualquer país democrático. Mas o que assistimos é a banalização deste voto. Direito este que fora conquistado há 25 anos a base de luta e sangue. Pedimos mais respeito ao cidadão, que merece também ter direito de não sair de casa para eleger uma pessoa no qual ela não confia. O voto obrigatório deve começar a ser extirpado.

Pronto! A Dilma venceu o Serra. Mas quem perdeu foi o povo brasileiro, que foi privado de conhecer as propostas dos candidatos para os próximos 4 anos, no qual o Brasil será testado de vez como um país emergente ou não. Sem contarmos que no fim do pote terá uma Copa do Mundo de futebol no Brasil.

Pronto! A brasilidade transbordou a favor da democracia, porém, de forma obrigatória. De livre e espontânea vontade ainda é uma utopia distante, mas que um dia pode acontecer. E quase me esqueci: dentro da reforma política urgente, será que cabe o fim das tais imunidades parlamentares, um dos maiores cânceres do Brasil?