quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é um Pelé, mas é um Rogério Ceni

Presenciamos um momento histórico no dia 27 de março de 2011. Rogério Ceni, o maior goleiro do São Paulo Futebol Clube de todos os tempos, alcançou uma marca histórica dentro do mundo futebolístico. Um recorde outrora inimaginável. Ele, que deveria apenas se limitar a defender a meta tricolor e da Seleção Brasileira, foi além, fazendo o que muitos atacantes não conseguem: gols, 100 gols! Um feito somente comparado à marca obtida pelo Rei Pelé no dia 19 de julho de 1969, quando o 'atleta do século' marcou seu milésimo gol no gramado do maior de todos os estádios (à época), o Maracanã.


Rogério Ceni é um exemplo de profissionalismo. Em pouco mais de 15 anos de carreira, raramente se envolveu em confusão. Além de ser referência a demais atletas em baixo das traves, é um exemplo à juventude de como um cidadão deve se portar em relação ao seu trabalho e vida: dedicar-se ao máximo para obter o sucesso. E, quem se deu bem nesta história foi a torcida tricolor do Morumbi. Com Ceni na meta, e no entorno da grande área adeversária para bater suas faltas ou converter pênaltis, o São Paulo reencontrou a rota dos títulos, interrompida logo após o revés são-paulino frente ao Velez Sarsfield, em 1994, pela Copa Libertadores da América.


Enquanto ia salvando gols com defesas monstruosas, o goleiro-artilheiro foi marcando seus golzinhos e conquistando o título continental e mundial em 2005, e três Campeonatos Brasileiros em sequência (2006, 07 e 08) - fato inédito na história do torneio. Com isso tudo, fica explicitado o quão Rogério Ceni fez bem ao São Paulo e ao futebol nacional. E, convenhamos, o feito obtido por ele na Arena Barueri é digno de comparação com o milésimo gol do Pelé, sim. Só perguntar àqueles que viveram sua fase adulta nos anos 1950, 60 e 70 para saber: era normal goleiro fazer gol? De maneira alguma. O gol é um êxtase, mas nem todos têm capacitação para alcançá-lo. Não foi o caso de Ceni, que sempre teve faro para salvar gols, e instinto para fazer gols.


A vítima não poderia ter sido melhor: o arquirrival Corinthians. Uma imagem que ficará perpetuada na história: o instante em que Ceni ajeita a bola na entrada da área e, com a extrema categoria corriqueira, coloca no ângulo direito do arqueiro corinthiano Julio Cesar. Uma imagem emblemática, assim como a de Pelé cobrando pênalti no canto esquerdo de Andrada no jogo do milésimo gol do Rei, entre Vasco da Gama e Santos. O goleiro vascaíno sempre deixou claro que detestou ter levado o gol, pois sempre aparecerá não defendendo a bola do Rei - e, para um goleiro, sempre com o pensamento de defender, é uma ofensa, inclusive.


Agora não tem mais volta. Sempre que as televisões, sites, ou até os jornais impressos forem se lembrar do centésimo gol de Ceni, a imagem ou os nomes Julio Cesar e Corinthians aparecerão. Mas, não deve ser encarado como tristeza, Julio Cesar. Afinal, você faz parte da história, agora. Uma história que começou em 1997 e alcançou seu ápice em 2011. Cem gols de Ceni. Feito que deve ser comparado sempre ao milésimo gol do Rei. A torcida são-paulina agradece. O futebol brasileiro agradece. O mundo reverencia o feito. A bola, e as redes, contemplam este fantástico atleta chamado Rogério Ceni.

Nenhum comentário:

Postar um comentário