segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A dupla dinâmica que empobrece o futebol brasileiro

Pelé falou: "Se ele gosta tanto do Grêmio, que vá jogar de graça lá. Está com a vida feita". O Rei do futebol proferiu esta frase em direção a um dos maiores jogadores do século XXI - mas que, desde eleito o melhor jogador de 2004 e de 2005, nunca mais se dedicou ao esporte da forma como o torcedor e admiradores desejam -: Ronaldinho Assis, o Gaúcho. E tudo porque, mais uma vez, o jogador e seu irmão-empresário, Roberto Assis, pensam mais em qual banco colocar os milhões de dólares que estão oferecendo ao jogador do que propriamente no clube aonde irá jogar.

Para quem acompanha futebol sabe que a dupla Ronaldinho/Roberto gosta de um pouco de mimo, de uma bajulação. E jamais se esquecerão do que os irmãos Assis aprontaram com o clube que os lançou ao futebol. Tanto Roberto, quanto Ronaldinho, fizeram sucesso no Grêmio. Roberto, inclusive, foi campeão da primeira edição da Copa do Brasil com o tricolor gaúcho. Depois, passou a gerenciar a carreira - que parecia ser promissora - do irmão mais novo, Ronaldinho. Quando o Gaúcho apareceu ao Brasil - ao marcar um gol antológico ante a Venezuela na Copa América de 1999 pela Seleção Brasileira - Roberto logo viu uma mina de ouro dentro da sua própria casa. E, logo em seguida, em uma ação mesquinha, a dupla conseguiu passe livre de forma escusa e deu um até logo ao clube que os revelou, transferindo-se ao Paris Saint-Germain.

Após sofrer um ‘drible’ dos irmãos, o Grêmio levou alguns anos para assimilar o ato nefasto da dupla boa de bola e de lábia. Uma grande perda financeira o clube sofreu. Inclusive, o time dos Pampas foi rebaixado em 2004 à Série B do Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, Ronaldinho foi à Europa jogar seu futebol, ser eleito o melhor jogador do mundo por duas vezes, cair na noitada europeia, e levou seu irmão junto para cuidar da vida do atleta.

Passados quase 10 anos do fato, novamente a dupla está envolvida em polêmica. Tudo porque fora feito um leilão entre três clubes brasileiros para saber aonde Ronaldinho irá jogar em 2011: Flamengo, Palmeiras, e o próprio Grêmio sonham em repatriar o atleta. Na verdade o leilão foi realizado pelos irmãos, a fim de saberem quem daria mais pelo passe de Ronaldinho.

Mas a galhofada realizada pelos dois nas últimas semanas irritou aqueles que amam o futebol. Ok, ninguém mais, em sã consciência, imagina um jogador que atue por um clube por amor. Já entramos em uma década aonde beijar o escudo do time tornou-se hipocrisia e, até, propaganda enganosa. 98% dos atletas jogam único e exclusivamente pensando em dinheiro. Todavia, o que os irmãos Assis fizeram foi algo deplorável, que gerou revolta em todas as partes envolvidas: as diretorias dos três clubes interessados nos atletas, os empresários que negociavam com o empresário Roberto, revolta entre os torcedores destes clubes. E até no Rei Pelé.

Se Ronaldinho é torcedor do Grêmio, como ele próprio declarou, que vá para lá por amor ao clube. Se está pensando na Copa de 2014, no Brasil, que vá para o Palmeiras. Se está pensando em praias, que vá para o Flamengo. O que não pode são três clubes com milhões de exigentes torcedores, e que, somando-se, têm 15 títulos nacionais, serem reféns de um jogador que há muito tempo não faz jus a fama, além de entrar em campo com o físico debilitado. No dia que Grêmio, Palmeiras e Flamengo derem conta que são muito maiores que os atletas... Além disso, é inadmissível um atleta chegar para receber R$ 1,300 mi por mês, em um momento onde se discute se o salário mínimo será igual ou maior do que R$ 540,00.

Mas são os irmãos que deveriam se envergonhar por toda a situação criada? De maneira alguma: a culpa é dos dirigentes das equipes que, mais uma vez, colocam em risco a saúde financeira dos clubes em prol de um atleta que não quer muito saber de suar a camisa.

No futebol atual, somente 3 jogadores sobrevivem à prática do amor à camisa: Rogério Ceni pelo São Paulo, Marcos pelo Palmeiras, e Léo Moura pelo Flamengo. São exemplos que todo amante do futebol gostaria que acontecesse ainda hoje. Os três resgatam a nostalgia de tempos não tão distantes. Tempos no qual o futebol era prazeroso não só de torcer, mas também, de assistir. Tudo ao contrário do que a dupla de fanfarrões, os irmãos Assis, provocam. Chega de mercenários da bola! E, dirigentes, usem mais a cabeça de cima, por favor.

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