Já faz uma semana desde o evento cinematográfico mais glamoroso do ano, o Oscar. Os cinemas entram em um pique de loucura para passarem todos os filmes a tempo da premiação, e apesar de ser algo já datado, sempre temos os principais filmes às vésperas da premiação, ou não chegam a passar. Talvez para não dar tempo de esquecer as histórias, vai entender?!
A grande questão é que a preparação para o evento possui toda uma agitação única, enquanto o momento pré Oscar modifica até as escolhas dos filmes para assistir o pós premiação não costuma empolgar a ida ao cinema. Os jornais, on-line ou impressos, participam de tudo até dois dias após o evento, e pronto, nada mais acontece. Meio como os discursos rápidos ao ganhar a estatueta.
Se o Oscar não é tão lembrado semanas depois, quanto mais após um evento tão chato e previsível. A sua força principal, ultimamente, está mais em firmar tendências de moda, não da sétima arte, mas das roupas. Não é à toa que foram escolhidos dois jovens atores para a apresentação da cerimônia (Anne Hathaway e James Franco) e que Anne tenha trocada de roupa mais vezes do que contou piada. Não posso deixar de dizer que Anne pelo menos tentou conquistar sua plateia, enquanto Franco parecia não muito à vontade e forçado a algo indesejável.
Mesmo assim, eles continuam tentando manter o humor, porém ou eles adoram piadas sem graça, ou de fato nossa tradução simultânea estraga tudo, na verdade ainda não assisti uma entrega com tradução simultânea ao invés de opiniões simultâneas.
Quanto aos vencedores tem sido cada vez mais fácil descobri-los, logo o Cinemark não fará mais a promoção de um ano de cinema gratuito para não ter prejuízo. Artistas são premiados por consolação de anos anteriores e os velhos interesses econômicos entre países. Não desmerecendo os indicados, mas é fato serem alguns pouco merecidos; até porque ainda não compreendo como “172 horas” foi indicado, ante a sua semelhança com o filme, pouco explorado, “Enterrado Vivo”.
Esta é outra questão que o Oscar não se decidiu. O que fazer para ganhar uma estatueta?! Filmes como “Cisne Negro” e “Minhas Mães e Meu Pai”, certamente não seriam premiados, como não foram. Apesar dos temas, das discussões e da qualidade artística (no caso do Cisne Negro), existe uma apresentação comportamental feminina muito forte para uma estatueta hollywodiana.
“O Discurso do Rei” levou o prêmio principal e é de fato um filme especial, de qualidade incontestável e boa direção - brasilidade de certa forma antecipou quem seria o vencedor-, contudo fica claro ser uma premiação mais pela necessidade de uma ‘sala’ com a Rainha Inglesa do que propriamente por reconhecimento.
A melhor animação para “Toy Story 3” também não foi surpresa, a contar seus fracos concorrentes e a tradição do filme que trouxe um novo mundo de animação para os cinemas.
Os atores e atrizes ganharam com merecimento – Natalie Portman mostrou um trabalho incrível em Cisne Negro, bem como Colin Firth em O Discurso do Rei, outros atores também representaram uma atuação de qualidade. Contudo, o mais complicado, neste caso, é compreender como tem sido mensurado essas atuações, já que o indicado Jeff Bridges fez um bom papel em “Bravura Indômita”, mas nada grande o suficiente a ponto de ser indicado, devido a incrível semelhança com o papel que lhe rendeu o Oscar em “Coração Louco”.
A verdade é que o ator que consegue o Oscar em um ano, certamente será indicado para o ano seguinte, independente de seu trabalho. Se você ainda não observou isso, comece a prestar atenção. Além de atrizes coadjuvantes menores poderem até ser indicadas, como foi o caso da brilhante Hailee Steinfeld (Bravura Indômita), mas sem chance para ganhar a estatueta.
As carteirinhas carimbadas deixam a festa cada ano mais chata, seja por conveniência, preguiça, tradição ou despreparo de uma equipe que parece não ter enxergado as mudanças no mundo, o fato é que é preferível ver a notícia no dia seguinte a ficar até altas horas acordados vendo uma festa de vestido, piadas ruins e péssimos comentários realizados por Rubens Ewald Filho e José Wilker.