O Estado de São Paulo - Fala de Fernando Meirelles no Caderno 2
A postura brasileira de 'pobre coitado' para tudo o que não dá certo, encostando-se no passado escravocrata, explorador etc., etc., me irrita um pouco.Possuimos certos marcas do nosso passado, mas até aí, todos possuem. Cada um de seu modo. Errado é usar desses fatos como muleta ao invés de dar voltas por cima.
A afirmação de Meirelles sobre o cinema brasileiro me fez refletir sobre essa questão. Gosto muito do trabalho do Meirelles, porém não concordo com seu argumento. Até porque, se fosse isso, as novelas não fariam tanto sucesso (principalmente aquelas que ostentam glamour e beleza) e nós não encheríamos o cinema para ver produções hollywodianas. Ou, como explicar o grande sucesso de O homem que copiava, Se eu fosse você (1 e 2), O nosso lar (apesar da temática), Tropa de Elite.
Os filmes argentinos tem qualidade, os nossos também. Só falta um pouco mais de boa vontade na produção de roteiros mais variados e imagens mais bonitas. Estamos caminhando, já vejo grandes produções, mesmo as que não fizeram tanto sucesso. Se diretores bons como Meirelles continuarem nos vendo apenas como pobres coitados, e não se derem conta da grande massa consumidora já característica de nossa brasilidade, acabaremos com outra muleta: a de que argentinos não prestam e são nossos piores inimigos.
E também está faltando ao cinema nacional mais filmes de comportamento na sociedade que não envolva favela ou violência. Absolutamente nada contra a esses dois tópicos, uma vez que 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite' são fantásticos, mas cansa bater na mesma tecla sempre. Precisamos de um Almodóvar tupiniquim!
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