segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um encontro com o Rei do Rock...e com o Rei do Samba de Breque

Que estamos em uma época diferente, com avanços na tecnologia e com muitas ferramentas para a comunicação, além de alicerces para podermos nos aprofundar em diversos assuntos, não é dúvida. Mas o que muito se escuta dizer, principalmente das pessoas mais velhas, é que não há interesse por parte da juventude de hoje em ir atrás do conhecimento, do saber, e das pessoas do passado que fizeram do mundo o que ele é nos dias atuais.

Há algum tempo atrás ouvi um alerta preocupante: uma professora, a quem tenho uma grande admiração, relatou que seus alunos de uma de turma de publicidade não sabiam quem era Elvis Presley. Ninguém, de uma turma de aproximadamente 50 alunos, com a faixa de idade entre 19 e 21 anos, tinha conhecimento da existência do Rei do Rock.

Impressiona saber que um grupo de futuros publicitários não tenha a mais vaga ideia do que representa o ícone Elvis Presley para a cultura e o comportamento ocidental. Um exemplo categórico de como a geração dos anos 2000, em sua maioria, sabe utilizar a internet para se divertir, porém, sem conseguir se aprofundar em assuntos que são de grande interesse, em um mundo onde cada vez menos se importa com a qualidade do espetáculo.

Dias após a notícia – mais ou menos chocante – sobre Elvis, cheguei de uma balada, em um domingo de madrugada, um pouco “alegre”, porém, sem sono. Liguei a televisão e estava passando um programa no canal a cabo Globo News sobre fatos e personalidades da história. E o tema era Moreira da Silva.

O Rei do Samba de Breque, como Moreira ficou conhecido, é um ícone do samba brasileiro. Sempre ouvi falar, durante a minha infância, da importância de Moreira da Silva para a música popular brasileira. Porém, como não sou fã de samba, nunca conheci com detalhes a obra deste mestre. Mas o mínimo que posso dizer é que conheço a figura de Moreira da Silva, e há um bom tempo.

Sentado, assistindo o programa, descobri muito sobre Moreira, e pensei: será que a geração que não conhece Elvis Presley, e que provavelmente adora o pagode que tocam nas rádios nos dias de hoje, conhece Moreira da Silva? Será que a turma do “reboletion” sabe que os seus ídolos atuais beberam na fonte de Moreira da Silva, Adoniram Barbosa, Noel Rosa, Premeditando o Breque, entre muitos outros?

Conhecer ícones de qualquer setor é importante. Na música, como adorador do rock n’ roll, era questão de honra saber, quando adolescente, que Chuck Berry, assim como outros ícones do blues, era influência direta aos Rolling Stones. Importava-me conhecer quem inspirava os Ramones a tocar o 1-2-3-4 que ajudou a proliferar o punk rock, nos anos 1970. E a quem Alceu Valença ouvia, quando criou O Ovo e a Galinha e Guerreiro, por exemplo? Sim, conhecer as origens faz a diferença.

Todos têm o direito de se divertir e ir atrás daquilo que mais lhe agrada. A questão não está somente se a pessoa conhece Elvis, ou se já ouviu falar de Moreira da Silva. O problema é saber se pessoas que fizeram história estão sendo reconhecidas e respeitadas pelas novas gerações. Gostar do ídolo do seu ídolo não é obrigação. Mas o mérito é conhecer determinadas passagens da história, para se entender como uma figura conhecida chegou ao patamar onde se encontra.

Ninguém é obrigado a saber de tudo. Mas conhecer e respeitar figuras importantes do passado é saber dar o devido valor àqueles que ajudaram a construir os ídolos de papel que se enxerga por todos os lados no mundo atual. O talento e a qualidade já não são requisitos básicos para se elevar um artista a um status de celebridade. Mas alguém precisa avisar às novas gerações que o culto ao lixo pode ser evitado.

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