quarta-feira, 21 de julho de 2010

Foi dada a largada para a fanfarra

E alguém tinha dúvidas que o cronograma das obras de infraestrutura, e também dos estádios, visando a Copa do Mundo de futebol em 2014 iria atrasar? A pátria de chuteiras é também o país do jeitinho; uma nação que coloca debaixo dos tapetes afora toda a sua corrupção e incompetência. Que tem em diversos governos nos estados da federação a premissa de não admitir que é capaz de falhar: apenas posterga determinados assuntos. E tem gente que ainda acredita.

Todavia, trata-se da realização de um dos maiores eventos mundiais. Está em jogo a segurança de milhares de turistas que aqui estarão para prestigiar as seleções. Nas pautas também estarão valendo o crescimento de determinadas capitais, no que diz respeito aos transportes públicos, aeroportos novos ou reformados e ampliados, reformulação dos principais portos espalhados pelo Brasil, uma rede hoteleira digna de receber uma competição desse porte, e óbvio, estádios modernos para abrigar os 64 jogos das 32 seleções que desfilarão pelos gramados brasileiros.

Todas essas tarefas jamais foram classificadas como fáceis para se realizar. Mas o preocupante é o fato da maioria das obras estarem atrasadas, quando ainda não se iniciaram. O alerta veio do Tribunal de Contas da União (TCU), que salientou a preocupação que sempre teve todas as pessoas contrárias à realização da Copa por aqui. O TCU relatou que as realizações estão "impressionantemente atrasadas", e que o país corre o risco de repetir a farra de gastos com dinheiro público ocorrida no Pan-Americano de 2007, realizado na cidade do Rio de Janeiro.

Naquela ocasião, o atraso nas obras só fez aumentar o ritmo dos superfaturamentos em contas, péssimos planejamentos, e a construção de complexos esportivos que se tornaram verdadeiros “elefantes brancos”, ou seja, sem utilidades para depois do mundial. No caso do Pan de 2007, o complexo aquático Maria Lenk, por exemplo, já não serve para competições internacionais; a principal construção à época, o estádio João Havelange, conhecido como Engenhão, que abrigou principalmente provas de atletismo por conta de sua moderna pista, hoje só é aproveitado para a prática do futebol.

O anúncio da escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 ocorreu há 3 anos. Daquela época até o apito do árbitro para dar início ao jogo de abertura do mundial é um tempo mais que suficiente para um país poder se organizar, a fim da realização do evento. Mas desde que se inicie logo cedo, o que não foi o caso do país. A impressão que se dá é que a demora foi proposital: quanto mais se enrola, mais concessões e superfaturamentos irão acontecer, e a farra com o dinheiro público é iminente.

Muita gente se animou, festejou, saiu às ruas comemorando o fato do Brasil ser o país-sede da Copa 2014. Por um lado o mundial pode ser interessante, deixando legados importantes à população, como a ampliação e a melhoria dos transportes públicos pelas capitais que irão abrigar jogos, entre outros. Mas é difícil que a corrupção e a ganância não apareçam nos próximos 4 anos, sempre envolvendo licitações irregulares, erros em contas, e muito dinheiro do bolso do contribuinte saindo.

Até 2014 a brasilidade irá transbordar...de raiva com os inúmeros jeitinhos brasileiros que se seguirão.

Um comentário:

  1. Portugal construiu 10 estádios para o europeu 2004. Falou-se até em demolição, num caso, por mor das despesas de manutenção. Outros são apenas isso: despesa. « Quem sai aos seus não é de Genebra!» :)

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