"No ar, com muito amor"
A situação é inusitada e constrangedora: imagine-se trabalhando em uma empresa qualquer por longos 15 anos, e que, depois de tanto tempo de dedicação e esforço por essa companhia, chegue um desconhecido, em uma manhã qualquer da semana de trabalho, dizendo que você está dispensado daquela organização. Qual seria a sua reação ante notícia tão desanimadora, uma vez que o seu sustento(e, dependendo do caso, de sua família) está atrelado àquela empresa? Pois este é o pano de fundo da comédia "Amor sem Escalas", de Jason Reitman.
Quem está à frente da tarefa de demitir os funcionários das empresas, no filme, é o ator-galã George Clooney. Ele trabalha para uma organização terceirizada especialista em dispensar os serviços daqueles que não fazem mais parte dos planos de determinada diretoria. Por não querer envolvimento no momento exato do anúncio fatídico, esses patrões contratam o frio e cauculista personagem de Clooney para realizar tal ação. Surge, daí, o primeiro assunto interessante do longa: o fantasma do desemprego. Trabalhar em um lugar por mais de uma década, realizar suas vontades, como ter uma casa própria ou um carro só seu, tudo isso na dependência do salário recebido, e, de repente, ser dispensado, de uma hora para outra, é como acordar de um bom sonho à base de água fria. Pior é quando esse funcionário já passou dos 50 anos de idade. A depressão se aprofunda mais, pois vem o pensamento de que se está velho demais para ser admitido por outra empresa.
Mas se trata de uma comédia romântica o filme. Digamos que às avessas. Clooney é um solitário que vive viajando de avião, por diversas cidades dos Estados Unidos, a fim de cumprir as suas jornadas de trabalho. E ele gosta dessa vida de nômade dos ares, tanto que, entre um caso e outro com algumas mulheres, coleciona milhas de viagem pelas horas de voos já feitos. Este é o seu passatempo. Porém, em uma dessas viagens, acaba conhecendo uma mulher de personalidade forte e também inteligente, personagem da atriz Vera Farmiga("Os Infiltrados"), que acaba fazendo com que Clooney reveja alguns conceitos de vida. O interessante é acompanhar essa mulher, tão segura de si, personificar a independência conquistada durante os anos que sucederam a chamada Revolução Feminista. A mulher da atualidade está mais preocupada com a sua estabilidade profissional, e dependendo da situação, dos seus filhos, do que propriamente com qualquer caso amoroso que possa estar envolvida.
Outro assunto abordado no filme é o conflito de gerações. Quando uma novata, a atriz-revelação Anna Kendrick, é contratada pela empresa onde trabalha Clooney, mostrando toda sua energia e ideias, conflitos acerca do "antigo" e do "novo" passam a tomar conta da trama. De um lado, o conservadorismo e ceticismo em relacionamentos do personagem de Clooney; do outro, a juventude e o romantismo da personagem de Kendrick. O embate passa a ficar ótimo, cada lado com as suas convicções e manias. Nem sempre o pensamento conservador empregado poderá ser utilizado nos dias atuais; tampouco, nem tudo que é moderno é aplicável para os tempos de hoje, podendo gerar uma inversão de valores perigosos. Por exemplo: transmitir uma decisão, ou fazer um comunicado, por mensagem de texto no celular, é uma atitude digna com alguém tão próximo?
Jason Reitman, diretor de "Amor sem Escalas", é o mesmo de "Obrigado por Fumar" e do excelente e surpreendente "Juno". Ele é de uma sensilbilidade única ao abordar temas que estão presentes no dia a dia. O filme começa devagar, meio sem propósito, parecendo ser mais uma comédia romântica carregada de clichês. Sim, algumas coisas mostradas na trama são puras repetições de outros longas do gênero já feitos na história. Mas, após os 20 minutos iniciais, o filme mergulha em assuntos muito atuais, de natureza humana, envolvendo relações de idades, de romances, e de patrões com seus empregados. Possui o conservadorismo dos romances antigos, mesclando temas de comportamentos atuais, e ainda, suscita debates acerca de crises econômicas, como a que acometeu o mundo em 2008. Um excelente programa "Amor sem Escalas".
Quem está à frente da tarefa de demitir os funcionários das empresas, no filme, é o ator-galã George Clooney. Ele trabalha para uma organização terceirizada especialista em dispensar os serviços daqueles que não fazem mais parte dos planos de determinada diretoria. Por não querer envolvimento no momento exato do anúncio fatídico, esses patrões contratam o frio e cauculista personagem de Clooney para realizar tal ação. Surge, daí, o primeiro assunto interessante do longa: o fantasma do desemprego. Trabalhar em um lugar por mais de uma década, realizar suas vontades, como ter uma casa própria ou um carro só seu, tudo isso na dependência do salário recebido, e, de repente, ser dispensado, de uma hora para outra, é como acordar de um bom sonho à base de água fria. Pior é quando esse funcionário já passou dos 50 anos de idade. A depressão se aprofunda mais, pois vem o pensamento de que se está velho demais para ser admitido por outra empresa.
Mas se trata de uma comédia romântica o filme. Digamos que às avessas. Clooney é um solitário que vive viajando de avião, por diversas cidades dos Estados Unidos, a fim de cumprir as suas jornadas de trabalho. E ele gosta dessa vida de nômade dos ares, tanto que, entre um caso e outro com algumas mulheres, coleciona milhas de viagem pelas horas de voos já feitos. Este é o seu passatempo. Porém, em uma dessas viagens, acaba conhecendo uma mulher de personalidade forte e também inteligente, personagem da atriz Vera Farmiga("Os Infiltrados"), que acaba fazendo com que Clooney reveja alguns conceitos de vida. O interessante é acompanhar essa mulher, tão segura de si, personificar a independência conquistada durante os anos que sucederam a chamada Revolução Feminista. A mulher da atualidade está mais preocupada com a sua estabilidade profissional, e dependendo da situação, dos seus filhos, do que propriamente com qualquer caso amoroso que possa estar envolvida.
Outro assunto abordado no filme é o conflito de gerações. Quando uma novata, a atriz-revelação Anna Kendrick, é contratada pela empresa onde trabalha Clooney, mostrando toda sua energia e ideias, conflitos acerca do "antigo" e do "novo" passam a tomar conta da trama. De um lado, o conservadorismo e ceticismo em relacionamentos do personagem de Clooney; do outro, a juventude e o romantismo da personagem de Kendrick. O embate passa a ficar ótimo, cada lado com as suas convicções e manias. Nem sempre o pensamento conservador empregado poderá ser utilizado nos dias atuais; tampouco, nem tudo que é moderno é aplicável para os tempos de hoje, podendo gerar uma inversão de valores perigosos. Por exemplo: transmitir uma decisão, ou fazer um comunicado, por mensagem de texto no celular, é uma atitude digna com alguém tão próximo?
Jason Reitman, diretor de "Amor sem Escalas", é o mesmo de "Obrigado por Fumar" e do excelente e surpreendente "Juno". Ele é de uma sensilbilidade única ao abordar temas que estão presentes no dia a dia. O filme começa devagar, meio sem propósito, parecendo ser mais uma comédia romântica carregada de clichês. Sim, algumas coisas mostradas na trama são puras repetições de outros longas do gênero já feitos na história. Mas, após os 20 minutos iniciais, o filme mergulha em assuntos muito atuais, de natureza humana, envolvendo relações de idades, de romances, e de patrões com seus empregados. Possui o conservadorismo dos romances antigos, mesclando temas de comportamentos atuais, e ainda, suscita debates acerca de crises econômicas, como a que acometeu o mundo em 2008. Um excelente programa "Amor sem Escalas".