terça-feira, 24 de novembro de 2009
Poltrona Vermelha #03
O título do filme 500 dias com Ela ((500) days of Summer) pode ser um pouco desestimulante, principalmente para quem não tem muita paciência com comédias românticas de sessão da tarde. Ou, se você possui um nível mais alto de testosterona também terá dificuldades em comprar ingressos para esse filme. Bem, parece que seus criadores sabiam disso, já que, logo no início informam não ser esse um filme de comédia romântica.
Claro que, até você ouvir isso do narrador, lerá muitas sinopses que lhe remeterão a ideia contrária do narrador e afirmarão: você deverá se preparar para uma comédia romântica. A história: Guri que se apaixona por guria, assim, logo que seus olhos encontram com os belos olhos azuis dela (impossível não notar que são azuis, você sempre será lembrado disso). Aí, você já pode imaginar todo o resto da história.
O bacana de 500 dias com Ela é exatamente isso. Apesar de ser tão 'a mesma coisa que já vi em outro filme', não é nada igual 'ao outro filme'. O desenvolvimento do filme no formato não linear é ótimo para que você pense sobre a vida dos dois. Fica complicado saber se torce para ficarem juntos ou não. Mas, o roteiro bem amarrado poderá trazer algumas surpresas, outras, nem tanto.
Entre citações como 'A primeira noite de um homem (The Graduate)' e até'Encantada (Enchanted)' o filme consegue mostrar um outro lado dos casais apaixonados. Sim, tenho que discordar da frase: 'Ele se apaixona. Ela não'. Ambos se apaixonam, porém, ela em uma intensidade diferente da dele.
Viver o 'amor' não é tarefa fácil. Por mais perfeito que ele pareça ser. Quem garante que de fato o é?! E, só porque não deu certo com você, não significa que não dará com outro. Ou, que o mundo está contra você. São algumas das discussões belamente abordadas por Tom e Summer. Alguns momentos são interessantes, como quando Tom mostra o que acontece na vida real e o que gostaria que fosse. Quem nunca teve desses momentos que atire a primeira pedra!
Marc Webb estreia no cinema trazendo uma bagagem especial de seu conhecido mundo musical (estamos falando de um experiente diretor de videos clipes). A trilha sonora tem uma participação especial, diria que o papel coadjuvante. Usada como desculpa para puxar assunto no elevador, para discutir relação e até sair dançando pela felicidade de uma noite bem sucedida; a música mostra sua importância.
Atuações sinceras, humor na medida, fotografia bem trabalhada - aplausos à parte na cena do trem - e, tomadas de câmera inteligentes que além de acompanhar sabiamente a não linearidade dos fatos são capazes de transformar imagens em verdadeiras obras primas - não ligue se você se pegar boquiaberto com o enquadramento em Tom quando este termina de pintar em sua lousa.Webb, de fato, tem jeito para a coisa, talvez, o cinema ganhe mais um bom diretor.
Informação importante, memorize antes de assistir o filme: Summer (Verão), Winter (Inverno), Autumn (Outono), Spring (Primavera).
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domingo, 22 de novembro de 2009
Racismo à brasileira
O Brasil é racista. Mas assim como nossa economia, o racismo também é informal. Diferente dos Estados Unidos e da África do Sul onde o racismo estampava placas e leis de forma explícita, no Brasil o racismo sempre foi dissimulado, tanto é que dizemos que somos uma “democracia racial”. Nos Estados Unidos a população negra soma 13%, no Brasil, negros e pardos somam mais de 50%. Dizemos sem duvidar que os Estados Unidos são um país de racistas, mas qual país elegeu um presidente negro? E dizemos que nós é que somos uma “democracia racial”.
A maior metrópole negra fora da África é Salvador, na Bahia. Salvador nunca elegeu um prefeito negro. Nova York, nos Estados Unidos, de maioria branca, já elegeu um prefeito negro (David Dinkins, nos anos 90). No governo de George W. Bush tivemos dois negros importantíssimos no poder, Colin Powell e Condoleezza Rice. Um dos bancos pivôs da crise econômica atual, Merrill Lynch, foi presidido por Stanley O’Neal, um negro. E nosso presidente Lula disse que a culpa da crise econômica é dos “loiros de olhos azuis”.
No Brasil da democracia racial, a mãe de um famoso jogador de futebol sofreu sua dose de discriminação tanto racial, quanto sócio-econômica. Sim, no Brasil também odiamos os pobres, e sim, eles também são – curiosamente – a maioria da população. Quando o jogador foi contratado por um time estrangeiro e ganhou seus primeiros milhões, resolveu presentear sua mãe com um apartamento na cobertura de um luxuoso condomínio no Rio de Janeiro. Enquanto aguardava o elevador chegar, outra moradora – que ostentava sua riqueza com jóias e roupas de grife – a advertiu de que o elevador de serviço ficava nos fundos do prédio, a confundindo com uma empregada doméstica. Bem humorada, a nordestina de vestes simples respondeu “obrigado por me avisar, é que eu comprei a cobertura faz pouco tempo e ainda não conheço o prédio”. O caso ficou conhecido quando a FIAT fez um comercial usando o fato ocorrido e utilizando o slogan “está na hora de você rever seus conceitos”.
Não nos esqueçamos do breve passado obscuro europeu. No final do século XIX e início do XX houveram estudos raciais e de eugenia, onde tentavam comprovar que os negros eram inferiores aos brancos. E isso não exclui o Brasil. Um país que aboliu tardiamente a escravidão e que, no início do século XX, nas décadas de 10, 20, 30, a elite foi atraída pelo “racismo científico” europeu e adotou uma política de imigração de mão-de-obra européia branca, barrando africanos e ignorando os negros que já habitavam o país. Não nos esqueçamos, também, de que o Brasil foi um dos maiores importadores de escravos do mundo – e o maior das Américas.
Não está na hora de revermos nossos conceitos, mesmo?
A maior metrópole negra fora da África é Salvador, na Bahia. Salvador nunca elegeu um prefeito negro. Nova York, nos Estados Unidos, de maioria branca, já elegeu um prefeito negro (David Dinkins, nos anos 90). No governo de George W. Bush tivemos dois negros importantíssimos no poder, Colin Powell e Condoleezza Rice. Um dos bancos pivôs da crise econômica atual, Merrill Lynch, foi presidido por Stanley O’Neal, um negro. E nosso presidente Lula disse que a culpa da crise econômica é dos “loiros de olhos azuis”.
No Brasil da democracia racial, a mãe de um famoso jogador de futebol sofreu sua dose de discriminação tanto racial, quanto sócio-econômica. Sim, no Brasil também odiamos os pobres, e sim, eles também são – curiosamente – a maioria da população. Quando o jogador foi contratado por um time estrangeiro e ganhou seus primeiros milhões, resolveu presentear sua mãe com um apartamento na cobertura de um luxuoso condomínio no Rio de Janeiro. Enquanto aguardava o elevador chegar, outra moradora – que ostentava sua riqueza com jóias e roupas de grife – a advertiu de que o elevador de serviço ficava nos fundos do prédio, a confundindo com uma empregada doméstica. Bem humorada, a nordestina de vestes simples respondeu “obrigado por me avisar, é que eu comprei a cobertura faz pouco tempo e ainda não conheço o prédio”. O caso ficou conhecido quando a FIAT fez um comercial usando o fato ocorrido e utilizando o slogan “está na hora de você rever seus conceitos”.
Não nos esqueçamos do breve passado obscuro europeu. No final do século XIX e início do XX houveram estudos raciais e de eugenia, onde tentavam comprovar que os negros eram inferiores aos brancos. E isso não exclui o Brasil. Um país que aboliu tardiamente a escravidão e que, no início do século XX, nas décadas de 10, 20, 30, a elite foi atraída pelo “racismo científico” europeu e adotou uma política de imigração de mão-de-obra européia branca, barrando africanos e ignorando os negros que já habitavam o país. Não nos esqueçamos, também, de que o Brasil foi um dos maiores importadores de escravos do mundo – e o maior das Américas.
Não está na hora de revermos nossos conceitos, mesmo?
sábado, 7 de novembro de 2009
Poltrona Vermelha #02
Quando soube do lançamento do documentário "Alô Alô Teresinha" nos cinemas da capital paulista, logo veio à mente lembranças da minha infância não tão distante. Recordo-me do Velho Guerreiro e sua implacável buzina, atormentando o sossego dos calouros que se apresentavam no palco do seu programa, e que divertiam os telespectadores nas tardes de sábado, através da Rede Globo de televisão. Assisti a este documentário em uma sessão que, para meu espanto e delírio, tinha somente mais uma pessoa presente no local (espanto e delírio pois não gosto de aglomerações em salas fechadas, como as de um cinema). Fiz questão de ir ao cinema ver essa homenagem ao maior comunicador da televisão brasileira de todos os tempos. No DVD, o impacto da película seria menor, pensei. E acho que acertei.Fui assistí-lo sob pressão dos críticos de que o documentário deixava a desejar. Confesso que não li nenhum dos comentários dos especialistas, pois a vontade de rever aquela figura carismática do apresentandor era maior (e não tive tempo de ler as críticas também, confesso). Agora, com o filme visto, vou atrás dessas opiniões conceituadas e ver em quais pontos os especialistas acharam o documetário mediano. Algo que talvez eles não tenham gostado, incluo-me, é o fato do filme não tratar da vida de Abelardo Barbosa. Trata-se de um documetário sobre os programas por ele comandado e os diversos personagens que ajudaram a alegrar a vida de muitas pessoas além, claro, de falar sobre o personagem construído pelo Velho Guerreiro. Ou talvez os críticos tenham achado exagerado o espaço concedido a alguns calouros da época que foram encontrados nos atuais dias. Também concordo.Mas o documetário é muito válido. Por exemplo, é interessante ver que as assistentes de palco denominadas chacretes não se resumiam à Rita Cadillac (a única que conhecia), a mais famosa delas: várias foram essas mulheres que mexeram com o imaginário masculino e que causaram inveja àsmuitas esposas da época. Aliás é muito importante, para quem se interessar pelo filme, atentar-se como estão vivendo, atualmente, essas personagens que fascinaram a geração do meu pai e outras gerações também. O modo como elas guiaram suas vidas após a morte de Abelardo Barbosa, quem conseguiu se manter bem, quem não saiu da mídia, quem caiu no ostracismo, quem não soube aproveitar as oportunidades dadas a elas. Uma verdadeira lição de vida para todos. Ainda sobre as chacretes, o espectador mais ligado notará que as "Dani Bananinhas" ou "Mulheres-Samambais" que têm na televisão de hoje devem muito, devem tudo, e mais um pouco, a essas mulheres.Pegando carona na famosa frase de Velho Guerreiro, na qual ele dizia que "na televisão, nada se cria, tudo se copia", ver os formatos dos programas por ele comandado e comparando-os com os de hoje, notar-se-a diversas semelhanças, como atrações, cenários, posicionamento de câmeras, contra-regras, entre outros. O único aspecto que diferencia os programas atuais com os de Abelardo Barbosa é o próprio Abelardo Barbosa! Seu jeito de conduzir o programa, comandar a plateia, seu personagem caricato, seu jeito de palhaço, sua incrível capacidade de improvisação quebrando qualquer tipo de roteiro ou protocolo ao vivo!, o transformou no maior ícone da comunicação da televisão brasileira.Quanto aos artistas, a princípio, só notei a falta dos Titãs, frequentadores assíduos do programa na década de 1980. De resto, está todo mundo registrado: o Rei, Wandelei Cardoso, Jerry Adriani, Baby Consuelo, Clara Nunes, entre muitos outros. Aos fãs de "toca Raul", relaxem, o homem também está lá, em um resgate histórico de um programa onde ele se apresentou, na extinta Tv Tupi, no início da década de 1970. Os amigos da minha faculdade devem estar não só se perguntando quem é Jerry Adriani e esses outros cantores acima citados, como também, por que não citei artistas como Ivete Sangalo ou bandas como o Skank. A todos só peço calma! pois Abelardo Barbosa, junto com o seu programa, morreu em 1988. Vários de vocês, caros amiguinhos, nem projetinhos eram ainda. Mas como bons profissionais que desajarão ser, assistir a este documetário e entender um pouco da história da televisão é de grande valia.As pessoas que me conhecem ficaram na dúvida: como assim o documentário me fez lembrar da minha infância? Simples, companheiros: lembro-me do cenário do programa, lembro-me das extravagantes fantasias utilizadas e dos bordões improvisados pelo Velho Guerreiro, e de alguns outros detalhes (que são poucos). Tinha apenas 8 anos quando o programa acabou. São resquícios de memória de uma época em que o país sofria com o alto índice de inflação, fantasma que assombrava a nação, além de um tempo em que o Brasil ainda aprendia a viver em uma democracia, mas que tinha, nas tardes de sábado, um alento para as mazelas daquela época. Uma alegria cativante que prendia o telespectador na poltrona, fazendo o povo gargalhar e se esquecer, por alguns instantes, de todos os problemas existentes. Essa alegria atendia pelo nome de José Abelardo Barbosa de Medeiros, o"está com tudo e não está prosa", Chacrinha!p.s.- Mas afinal, quem é a tal de Teresinha? Só assistindo ao documentário, minha gente!
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
The Good, the bad & the blasé
Tarantino me instiga. É desses que sempre me faz pensar, não na estória, ou na moral, ou na ética, ou no sofrimento das personagens. Tarantino não me faz chorar, nem sentir pena. Me faz pensar. Pensar em cinema. Penso que ele faz filmes para quem gosta de cinema, não para quem gosta de ir ao cinema comer pipoca.
Inglourious Basterds, seu novo filme, me fez ir ao cinema. Duas vezes. Minto. Quem me fez ir duas vezes ao cinema foi um trabalho. Mas, de qualquer maneira, ver o filme duas vezes foi ótimo. Muitas coisas passaram pela minha cabeça. E, por fim, surgiu uma teoria. Explico.
Tarantino é fã de Sergio Leone. Eu sou fã de Sergio Leone. Sergio Leone foi (ele já morreu) um diretor de cinema italiano que ganhou fama nos Estados Unidos com três Spaghetti Westerns: Per un pugno di dollari (Por um punhado de dólares) de 1964, Per qualche dollaro in pìu (Por uns dólares a mais) de 1965 e Il buono, il brutto, il cattivo (Três homens em conflito) de 1966. Por um punhado de dólares é uma refilmagem de um filme de Akira Kurosawa, chamado Yojimbo, de 1961. Na história original que se passa na época feudal japonesa, Sanjuro - um ronin - se vê numa cidade onde duas famílias disputam o poder de controle da cidade, e Sanjuro resolve trabalhar de guarda-costas para o líder de uma família e, um dos inimigos possui uma pistola. Em Por um punhado de dólares, o estranho sem nome (sim, ele não tem nome mesmo), interpretado por Clint Eastwood, se vê numa cidadezinha onde duas famílias disputam o poder pelo controle. Ele resolve arranjar trabalho com as duas famílias e fazer as duas entrarem em conflito, destruindo-as, em benefício próprio, além disso, um dos inimigos possui uma espingarda. Depois dessa refilmagem, Leone deu continuação na saga do estranho sem nome em Por uns dólares a mais e Três homens em conflito. Na época os filmes fizeram certo sucesso, mas só depois que ganharam status de cult. Para os três filmes Ennio Morricone fez as trilhas sonoras. Morricone era outro ilustre desconhecido até então, apesar de ter gravado muitas coisas na Itália. Quão relevante ele é hoje? Os Ramones usavam o tema principal de Três Homens em conflito como abertura de seus shows. O Metallica usa até hoje a música The Ecstasy of Gold, também de Três homens em conflito, como introdução de seus shows. Inclusive, ano passado foi produzido um tributo à Ennio Morricone, e o Metallica participa do tributo tocando exatamente The Ecstasy of Gold. Além do Metallica, YoYo Ma, Quincy Jones, Herbie Hancock, Daniela Mercury, Celine Dion, Bruce Springsteen, participam do tributo com regravações de músicas de Morricone que fazem parte da trilha sonora de famosos filmes. Pasmem, Morricone nunca ganhou um Oscar de melhor trilha sonora. Além disso, ano passado, Ennio Morricone em pessoa, veio até o Brasil para algumas apresentações de suas mais famosas músicas de trilhas sonoras.
Desses três filmes, o mais famoso é Três Homens em Conflito. A história de três homens em busca do ouro da guerra. O filme se passa na guerra civil americana, e um soldado confederado esconde 200 mil dólares numa cova de um cemitério. Angel Eyes (O mau), sabe que esse soldado tem os 200 mil. Tuco (o feio), sabe que o dinheiro está escondido em um cemitério. Blondie (o bom), sabe em qual túmulo está enterrado o dinheiro. A estória se desenrola com Tuco e Blondie se aturando, pois um precisa do outro para chegar ao dinheiro. Enquanto isso, Angel Eyes se infiltra no exército do norte, trabalhando em uma prisão, na esperança de encontrar o soldado confederado que escondeu o dinheiro. No fim, os três se encontram no cemitério e acontece uma das cenas mais tensas do cinema, o duelo à três. O bom, o mau e o feio, cara à cara... à cara.
E aí chego em Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino. E minha teoria é essa: Inglourious Basterds é o The good, the bad and the ugly de Tarantino.
O bom - Tenente Aldo Raine - participa da Operação Kino, sua missão é infiltrar-se no cinema onde ocorrerá a estréia do filme "O Orgulho da Nação", e explodir o lugar com Hitler dentro. O mau - Coronel Hans Landa - se mostra um competente "caçador de judeus", e diz que, na verdade, é apenas um bom detetive e que presta seus serviços ao Füher, e só pensa em si mesmo, no final, rende-se aos americanos em troca de tornar-se herói de guerra. E a feia - na verdade, a blasé - Shosanna, ou, Madamme Mimieux, que pretende vingar a morte de sua família incendiando o cinema lotado de nazistas. Os três, então, possuem, no fim, uma mesma meta: encerrar a guerra. Seus motivos podem ser diferentes, mas o fim é o mesmo. O ouro que eles perseguem é a cabeça de Hitler.
Curioso como um filme pode influenciar tanto, não?
Inglourious Basterds, seu novo filme, me fez ir ao cinema. Duas vezes. Minto. Quem me fez ir duas vezes ao cinema foi um trabalho. Mas, de qualquer maneira, ver o filme duas vezes foi ótimo. Muitas coisas passaram pela minha cabeça. E, por fim, surgiu uma teoria. Explico.
Tarantino é fã de Sergio Leone. Eu sou fã de Sergio Leone. Sergio Leone foi (ele já morreu) um diretor de cinema italiano que ganhou fama nos Estados Unidos com três Spaghetti Westerns: Per un pugno di dollari (Por um punhado de dólares) de 1964, Per qualche dollaro in pìu (Por uns dólares a mais) de 1965 e Il buono, il brutto, il cattivo (Três homens em conflito) de 1966. Por um punhado de dólares é uma refilmagem de um filme de Akira Kurosawa, chamado Yojimbo, de 1961. Na história original que se passa na época feudal japonesa, Sanjuro - um ronin - se vê numa cidade onde duas famílias disputam o poder de controle da cidade, e Sanjuro resolve trabalhar de guarda-costas para o líder de uma família e, um dos inimigos possui uma pistola. Em Por um punhado de dólares, o estranho sem nome (sim, ele não tem nome mesmo), interpretado por Clint Eastwood, se vê numa cidadezinha onde duas famílias disputam o poder pelo controle. Ele resolve arranjar trabalho com as duas famílias e fazer as duas entrarem em conflito, destruindo-as, em benefício próprio, além disso, um dos inimigos possui uma espingarda. Depois dessa refilmagem, Leone deu continuação na saga do estranho sem nome em Por uns dólares a mais e Três homens em conflito. Na época os filmes fizeram certo sucesso, mas só depois que ganharam status de cult. Para os três filmes Ennio Morricone fez as trilhas sonoras. Morricone era outro ilustre desconhecido até então, apesar de ter gravado muitas coisas na Itália. Quão relevante ele é hoje? Os Ramones usavam o tema principal de Três Homens em conflito como abertura de seus shows. O Metallica usa até hoje a música The Ecstasy of Gold, também de Três homens em conflito, como introdução de seus shows. Inclusive, ano passado foi produzido um tributo à Ennio Morricone, e o Metallica participa do tributo tocando exatamente The Ecstasy of Gold. Além do Metallica, YoYo Ma, Quincy Jones, Herbie Hancock, Daniela Mercury, Celine Dion, Bruce Springsteen, participam do tributo com regravações de músicas de Morricone que fazem parte da trilha sonora de famosos filmes. Pasmem, Morricone nunca ganhou um Oscar de melhor trilha sonora. Além disso, ano passado, Ennio Morricone em pessoa, veio até o Brasil para algumas apresentações de suas mais famosas músicas de trilhas sonoras.
Desses três filmes, o mais famoso é Três Homens em Conflito. A história de três homens em busca do ouro da guerra. O filme se passa na guerra civil americana, e um soldado confederado esconde 200 mil dólares numa cova de um cemitério. Angel Eyes (O mau), sabe que esse soldado tem os 200 mil. Tuco (o feio), sabe que o dinheiro está escondido em um cemitério. Blondie (o bom), sabe em qual túmulo está enterrado o dinheiro. A estória se desenrola com Tuco e Blondie se aturando, pois um precisa do outro para chegar ao dinheiro. Enquanto isso, Angel Eyes se infiltra no exército do norte, trabalhando em uma prisão, na esperança de encontrar o soldado confederado que escondeu o dinheiro. No fim, os três se encontram no cemitério e acontece uma das cenas mais tensas do cinema, o duelo à três. O bom, o mau e o feio, cara à cara... à cara.
E aí chego em Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino. E minha teoria é essa: Inglourious Basterds é o The good, the bad and the ugly de Tarantino.
O bom - Tenente Aldo Raine - participa da Operação Kino, sua missão é infiltrar-se no cinema onde ocorrerá a estréia do filme "O Orgulho da Nação", e explodir o lugar com Hitler dentro. O mau - Coronel Hans Landa - se mostra um competente "caçador de judeus", e diz que, na verdade, é apenas um bom detetive e que presta seus serviços ao Füher, e só pensa em si mesmo, no final, rende-se aos americanos em troca de tornar-se herói de guerra. E a feia - na verdade, a blasé - Shosanna, ou, Madamme Mimieux, que pretende vingar a morte de sua família incendiando o cinema lotado de nazistas. Os três, então, possuem, no fim, uma mesma meta: encerrar a guerra. Seus motivos podem ser diferentes, mas o fim é o mesmo. O ouro que eles perseguem é a cabeça de Hitler.
Curioso como um filme pode influenciar tanto, não?
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Se comunique
Porque comunicação é falar...é palavra...é imagem...é escrita...
São várias as línguas e linguagens...escolha a que melhor se adaptar ;-)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Enterrando Dinheiro
Ganhar dinheiro para viver o dia-a-dia não é muito fácil. Na verdade, às vezes a sensação é de que fica mais difícil. Claro que algumas facilidades surgiram, mas, sempre será o 'dinheiro suado'.
Ok, não contei nenhuma novidade. E, também, não adianta ficar lendo se você acha que darei alguma dica para que seu porquinho ganhe alguns quilos extras. Na verdade, estou impressionada.
Em minha leitura pelo caderno Dinheiro da Folha de São Paulo (03.nov.2009), um título chamou minha atenção: Avanço econômico encarece os funerais. Sim!!
Além do dinheiro 'em vida', parece que muitos têm se preocupado com o momento 'em morte'.
É tanta brasilidade que fico abestiada. Sabia que é possível adquirir um jazigo nas áreas tops - do Cemitério de Congonhas - pela bagatela de R$25mil?! Quando li isso quase cai para trás. Bem, pelo menos, aquele que nunca teve uma boa vista da janela do seu quarto, poderá ter um ambiente digamos que agradável e privilegiado diretamente debaixo da terra.
Segundo a reportagem de Denyse Godoy a disputa por esses espaços tem sido grande. E, não para por aí. Não são somente as companhias aéreas que estão investindo em diferenciais nos seus serviços, as funerárias também. Desde manutenção mensal com flores e velas, até atendimento psicológico - para quem ficou vivo, claro.
É, eu achando que a estabilidade econômica auxiliaria na compra do pãozinho de cada dia e o povo já parcelando seus caixões. Inclusive, perto de casa rolou um outlet de caixões. Alguém interessado?!
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Juventude Atraente
Quem diria não é mesmo?! Além da vitória 'olímpica' o Brasil anda bem concorrido. Atualmente visto como um grande comprador, a corrida para que o Brasil compre caças, americanos, suecos ou franceses, é acirrada.
Para os Estados Unidos não porque estamos em uma fase de boa representação política-econômica, mas sim, porque o avião deles é o melhor (alguém tem dúvida disso?! Nunca ouvi eles falarem que são ruins em alguma coisa).
Interessante mesmo, é que nessas pequenas batalhas, algumas falas ficam marcadas como:
"O mais importante desse acordo é nosso relacionamento com o povo brasileiro e o governo brasileiro", disse Tauscher*
Claro, claro, alguém tinha alguma dúvida com relação a isso? Os Estados Unidos sempre teve uma admiração incrível com o 'povo brasileiro'.
Parece que nossa brasilidade está transbordando de tal forma que não só os novos mercados têm interesse em parcerias verde/amarelo como, grandes e importantes vovôs parecem querer se envolver com o jovem Brasil.
*Fonte: O Estado de São Paulo
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