sábado, 20 de fevereiro de 2010

Dois pesos e duas medidas

Estamos em pleno verão, e, tratando-se de um país tropical, no caso o Brasil, é mais que natural que haja temperaturas elevadas nesta época, obrigando as pessoas a se refrescarem, da melhor maneira, diante de uma onda de calor que toma conta das cidades nesta época do ano. É o famoso "um sol para cada habitante". Mas, em 2010, a sensação que se tem é que o verão está mais quente do que o habitual, culpa, talvez, do tal aquecimento global. Estando mais quente do que outras épocas ou não, é inadmissível que se autorizem a realização de partidas de futebol em uma faixa de horário que vai das 11 horas às 15 horas. Não é inaceitável somente pelo fato de comprometer a qualidade do espetáculo, no que diz respeito à técnica, mas também, é desumano.

Pois é exatamente essa prática que está sendo utilizada neste início de temporada. E por que as federações de futebol, espalhadas pelo país, estão marcando os jogos para horários impróprios às práticas do esporte? Porque quem determina os horários e as datas das partidas é a detentora dos direitos de transmissão dos jogos: a Rede Globo de televisão. Ironia do destino, ou não, é a mesma emissora que lidera, junto com a CBF(Confederação Brasileira de Futebol), um movimento para extirpar partidas em cidades onde sua localização esteja a, no mínimo, 2.800 metros acima do nível do mar, como La Paz, Potosí, ou Quito, quando estas recebem ou clubes brasileiros ou a Seleção Brasileira.

Jogar na altitude, sem um mínimo de preparação e tempo adequados, é um convite para alguma trajédia. Mas, e jogar sob um sol de 33 graus em uma cidade como Itu, ou a 37 graus em Porto Alegre, ou a 35 graus no Rio de Janeiro, não é uma falta de bom senso também? Uma das vítimas deste horário nefasto que estão sendo marcados os jogos foi o comentarista esportivo da própria emissora, o ex-jogador Batista, que durante a transmissão de um jogo que ocorria na capital do Rio Grande do Sul, desmaiou em umas das cabines do Estádio Olímpico, sucumbindo diante das câmeras.

As partidas são marcadas pela Rede Globo, neste tipo de horário, para que sua grade de programação não sofra alterações, uma vez que é "sagrado", há 30 anos pelo menos, termos as novelas, seu principal produto, iniciando suas transmissões às 18 horas. O "carro-chefe" da emissora carioca é prioridade para eles, não respeitando o horário de verão, os atletas, e o torcedor. Aliás, desrespeito ao público que vai aos estádios, e até mesmo com o telespectador, é uma prática do canal já há algum tempo: foi ela quem inventou o esdrúxulo horário das 21h50min. das quartas-feiras para iniciar as partidas que irá transmitir. Ou seja, os jogos se iniciando neste tempo, no mínimo, o torcedor que vai ao estádio sairá de lá ás 23h30min., sendo que o dia seguinte é uma plena quinta-feira, dia normal de trabalho. Sem contar a dificuldade de transporte público após esse horário e a falta de segurança iminente.

Já são, pelo menos, 13 anos de descaso com o torcedor brasileiro e com os jogadores. Que a atitude em coibir as partidas realizadas na altitude, sem a preparação adequada, é sensata, ninguém questiona. Mas programar jogos às 11 horas, ou às 15 horas, que é o que está sendo feito, e foi deliberadamente praticado no sábado de carnaval, é de uma falta de sensibilidade sem precedentes. Quem paga a conta são os jogadores e o torcedor, que mais uma vez não é respeitado.

2 comentários:

  1. Oiee ..acabei de achar o seu blog e já adoro ! Posso indica-lo no meu ...??

    Beijo

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  2. Fique à vontade; é uma honra para a brasilidade ter você conosco, Simone!!
    Seja bem-vinda!!!

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