sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A novidade, no Oscar


No próximo domingo, será realizada a cerimônia do Oscar. E, mais uma vez, milhões de pessoas deverão acompanhar a grande festa do cinema mundial. Mesmo com o grande número de espectadores, já tem algum tempo que estes se interessam mais pelas indumentárias dos atores e pelos vestidos finos e penteados modernos das atrizes, do que propriamente com quem vencerá nas categorias. Dentre os principais motivos por este desinteresse estão decisões políticas dos membros e jurados da Academia, que acabam consagrando filmes que talvez não fossem merecedores do prêmio, em detrimento a outras obras mais elaboradas e acabadas - e isso se estende aos atores, atrizes, roteiros...

Mesmo assim, há um razoável número de pessoas que ainda se interessam pelos vencedores nas categorias, independentemente das injustiças. Se Danny Boyle não era merecedor do prêmio de direção em 2009 por Quem Quer Ser Um Milionário, uma vez que Gus Van Saint foi brilhante conduzindo Milk, o mesmo não pode ser atribuído a Kathryn Bigelow, vencedora do Oscar de direção por Guerra ao Terror, de forma contundente, em 2010. Entre as injustiças e as barbadas, o prêmio continua vivo e com muitos seguidores. Aos brasileiros, a grande novidade no Oscar 2011 é que a cerimônia antecederá o Carnaval - algo raro na história, uma vez que a folia ocorre no mês de fevereiro, na maioria dos casos. Ou seja, se antes o cinéfilo tinha depressão pós-carnaval com algumas decisões absurdas da Academia, agora poderá curar a ressaca caindo no samba se algo não lhe agradar.

À premiação - que elege os melhores de 2010 - o grande favorito é O Discurso do Rei. A obra, que narra a luta do rei George VI para vencer um problema crônico (gagueira), é o estilo prefiro de filme que a Academia gosta. O longa-metragem de Tom Hooper deverá vencer nas categorias melhor filme, melhor direção, melhor roteiro, e melhor ator, para o competente Colin Firfh - brilhante no papel do rei gago. Alia-se a isso o fato do filme ter vencido o prêmio dos principais sindicatos de filmes espalhados pelos EUA e pela Europa. É um prenúncio da vitória, no domingo, pois tem o perfil ideal entres os membros que elegem os vencedores: possui bom enredo, tem o tema ‘superação’ no roteiro, atores afinados...

Todavia, se o Oscar fosse justo, a grande disputa seria restrita a Cisne Negro, A Rede Social e Toy Story 3. Não que sejam filmes inovadores - pelo contrário, todos os filmes indicados e aqui citados não passam de meros clichês extraídos de outras películas. Mas, sim, porque se trata de longas-metragens mais densos e com ação psicológica que prendem a atenção do espectador - no caso de Cisne e A Rede -, e com muita emoção e simplicidade - no caso de Toy Story - sem cair na pieguice. Cisne Negro é nervos à flor da pele com seu jogo psicológico, mexendo com o imaginário de quem o assiste; A Rede Social é uma trama muito bem elaborada, tendo uma direção poderosa e uma trilha sonora fantástica; e Toy Story 3, sem dúvida, é o melhor filme da safra - independente de ser uma animação.

Como melhor atriz, Natalie Portman é nome quase certo para vencer, por sua interpretação da bailarina frágil de Cisne Negro. Cristian Bale, em O Vencedor, é barbada para vencer a categoria ator coadjuvante; já como atriz coadjuvante, talvez as maiores incertezas, uma vez que Melissa Leo e Amy Adams estão excelentes em O Vencedor. Como melhor diretor, Tom Hooper (O Discurso) deve levar, embora David Fincher tenha feito um trabalho mais consistente por A Rede Social. Na categoria filme estrangeiro, o mexicano Biutiful, de Alejandro Gonzáles Iñárritu, é o favorito, embora se trate de um filme pesado aos padrões Oscar, o que pode culminar na vitória de outro país. Certo mesmo é que o grande perdedor da noite deverá ser Bravura Indômita, de Ethan e Joel Coen. Embora seja um bom filme de faroeste, não deve cair nas graças dos membros da Academia.

Agora, só resta esperar por domingo para sabermos quem serão os grandes vencedores do Oscar 2011. O Discurso do Rei? Cisne Negro? Toy Story 3? A Rede Social? Não se sabe. Mas, decerto, os figurinos e as celebridades serão os grandes vencedores, aos olhos da maioria dos espectadores. E, aos brasileiros cinéfilos, é esperar a abertura do envelope indicativo do vencedor e cair na folia do Carnaval...ou esperar por ele, a fim de curar a ressaca dos perdedores.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cinema: A força do Discurso

A gagueira pode irritar muitos, para outros passar desapercebida, mas problema mesmo é quando a pessoa gaga precisa discursar, constantemente, para grandes públicos. Imagine então um presidente, um rei.

O Discurso do Rei (The King's Speech, 2010) contará exatamente a trajetória de um homem que acabou se tornando rei, porém, o maior problema enfrentado era exatamente falar em público. Sua gagueira só piorava e não conseguia realizar seus discursos.

George (Colin Firth), com a ajuda de sua esposa muito persistente, tentará driblar esta questão. Após várias tentativas se encontrará com o australiano, não muito normal, Lionel Logue (Geoffrey Rush). Mais do que lidar com a gagueira e compreender por que ela está presente em sua vida George aprenderá muito sobre amizade e sobre si mesmo.

A história é bem construída. Um enredo lento, no começo, porém necessário e não chega a ser cansativo. As belas imagens fascinam, além do bom humor presente nas cenas com Lionel e George.

Não vale a pena ficar avaliando se a história contada está de acordo com a realidade do pai da então rainha Elizabeth II. Legal mesmo é deixar se envolver pelo desafio de George.

Este desafio reafirma o poder da comunicação, das palavras ditas verbalmente ou expressadas, independente da maneira como as utilizará; a verdade é que são significativas. Não se trata somente de conseguir realizar um belo discurso ou declarar palavras as pessoas. A comunicação tem mostrado, desde sempre, o quão poderosa é. No filme ainda reafirmada pelos acontecimentos Hitler - ele pode ter sido um ditador, mas ninguém pode negar a sua competência no falar.

Colin Firth dá um banho de atuação, definitivamente sua indicação ao Oscar faz sentido. Nos unimos a ele e Lionel na tentativa de fazê-lo falar adequadamente; não se surpreende se no discurso, que dá nome ao filme, você não conseguir respirar como se quisesse emprestar suas cordas vocais ao rei.

Geoffrey Rush não fica atrás, uma atuação fantástica e seu personagem valoriza o protagonista, em alguns momentos é possível se questionar quem é o protagonista da história. Além de ser o responsável por muitos momentos de humor neste drama.

Outra indicada ao Oscar neste filme é Helena Bonham Carter na pele da zelosa e corajosa Elizabeth. Sem muitas falas, porém com presença marcante e importante. Estes três atores conseguiram, com certeza, construir uma cumplicidade intensa e interessante de ser observada.

O filme não chega a ser no estilo 'cult' e também não entra completamente no modelo 'hollywodiano', o que permite a qualquer um arriscar ficar quase duas horas na frente da tela. Não se preocupe a competência da história, atores e imagens não te fará sentir cansado e não estará perdendo tempo. Além de ser um grande lição de superação.

Obs: O Discurso do Rei tem 11 indicações para o Oscar 2011, não é exagero e certamente pelo menos um ou dois levará.


O Discurso do Rei (The King's Speech)
lançamento: 2010 (Inglaterra)
direção:Tom Hooper
atores:Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael Gambon.
duração: 118 min
gênero: Drama