terça-feira, 27 de abril de 2010

C.S.I.: Baixada Santista

O Consulado dos Estados Unidos aconselhou cidadãos americanos a não visitarem a Baixada Santista por causa da onda de violência na região. 23 mortes em oito dias. Esquisito, vindo do país mais militarizado do planeta, que possui bases militares em vários países do mundo e, só no século XX, participou de pelo menos 7 guerras e agora, no século XXI, está na sua cruzada contra o terrorismo.
Por outro lado, o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) enviou uma nota de repúdio ao Consulado dos Estados Unidos. 23 mortes em oito dias não é pouca coisa. Querem tapar o sol com peneira. Isso me lembra o caso do célebre episódio dos Simpsons no Brasil. Segundo um dos prefeitos de uma cidade da Baixada, a taxa de mortes por 100 mil habitantes lá é menor que a de Miami. Vá lá, pode até ser, mas nos Estados Unidos existe um programa de televisão que, semanalmente, mostra crimes cometidos na cidade. É a arte imitando a vida. Aqui não podem nem atestar o óbvio: 23 mortes em oito dias é preocupante. Um "C.S.I.: Santos", por aqui, vai ficar só no sonho.
Faz sentido querer evitar esse tipo de publicidade negativa. A Baixada Santista ganha uma grana preta com turismo, e um Consulado advertir sobre o perigo da região é amedrontar possíveis turistas. Mas ei, nem tudo está perdido. "Sei que a violência é concentrada na periferia, longe daqui", disse uma dona de loja próxima à Orla Marítima do Guarujá. Ufa! A periferia que se foda, a parte turística está a salvo.
E por fim, algum policial disse em entrevista na TV que, apesar dessas mortes, o cotidiano das cidades continua o mesmo. Fala isso para os parentes dos 23 mortos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pensamentos Aleatórios: Somos agricultores

Que o brasileiro não dá muito valor ao 'seu' já é fato. Talvez, melhoramos um pouco neste comportamento, porém, penso: o suficiente? E, esses pensamentos se tornam mais presentes quando vejo a quantidade de estrangeiros que já compreenderam a riqueza deste país, logo, fazem de tudo para tirar o melhor proveito possível.

São mais sábios que nós, infelizmente, nesta valorização. Enquanto tentamos fugir desesperadamente de nossas raízes da agricultura, já que aprendemos, de forma errada, a necessidade de sair do campo para não sermos mais 'explorados' como já fomos. Será?! Sempre a tecnologia de ponta será a responsável por crescimento de capital?! Até onde tenho visto, não existe tecnologia de ponta sem matéria prima, assim como, boa parte da sobrevivência humana está atrelada a ela, direta ou, indiretamente.

Enquanto nos perdemos nas tecnologias estrangeiras, não compreendendo a riqueza que temos em nossas terras, estudantes europeus, futuros agrônomos, fazem seus estágios em terras brasileiras. Pouco a pouco, os de fora vão compreendendo melhor como nossas terras funcionam. Depois, achamos que temos o direito de discutir sobre a posse da Floresta Amazônica...


Vale a pena ler o texto do agrônomo Xico Graziano -

sexta-feira, 2 de abril de 2010

24 meses depois

Tenho uma memória boa quando se trata de lembrar de nomes, sobrenomes, e datas. Dificilmente esqueço o aniversário de alguma pessoa próxima a mim, tampouco deixo de lembrar o ano de lançamento de algum filme, por exemplo, ou de algum acontecimento histórico para a humanidade. Mas teve uma data que fiz questão de não memorizar. Confesso que nem sei o porquê. Mesmo assim, é difícil desassociar os meus pensamentos dos 4 primeiros dias de Abril, época que larguei o cigarro, há dois anos atrás.

O cigarro entrou em minha vida de duas formas: uma mais simples, outra mais banal. A forma simples foi ver meu pai e minha mãe fumando muito quando eu era criança. Como a minha admiração por eles é enorme, pensava que teria que fumar para alcançar o nível de excelência deles. O que pode parecer ridículo para alguns este tipo de motivo, na verdade, deve servir de alerta para todos: o fato de que a criança se espelha nos mais velhos, qualquer que seja esse adulto, e qualquer que seja o nível social.

Já o fato banal veio pelo fato de ser fascinado pelo personagem de Bruce Willis em Duro de Matar. Quando o filme foi lançado, despertou nos machões aquela sensação de que é possível ser um salvador da pátria sem necessariamente possuir um super poder. E eu, no alto dos meus 8 anos de idade, adorava ver John McClane acender um cigarro após liquidar algum terrorista no filme.

Com a cabeça influenciada por esses principais fatores, iniciei minha saga com o cigarro aos 14 anos. Daí por diante, mergulhei em um mundo bacana, mas também, obscuro. Era bom porque, mesmo sabendo dos malefícios à saúde, o alívio que trazia dar uma tragada depois de alguma discussão, ou de um bom sexo, entre outros, era indescritível. Já a obscuridade vem do fato de que realmente é um atraso de vida. Às vezes me deixava sonolento, às vezes sem disposição, quando não ficava literalmente fedido de nicotina e alcatrão.

O jogo começou a mudar quando estava com 27 anos. Já fumava há 13 anos, com uma média de um maço diário. Não sei o que de fato me acometeu, se foi uma luz divina, ou apenas vergonha na cara, só sei que comecei a trabalhar a minha mente para largar o cigarro. Isto foi fundamental, pois sem uma autorreflexão, fica mais complicado se livrar do vício. Porém, o ponto-chave para me convencer de que eu e o cigarro deveríamos, com dor no coração, nos separar, foi uma das três paixões da minha vida: o futebol.

Sempre tive uma resistência boa, o que me faz correr muito durante uma partida. Quando fumava, as pessoas que jogavam comigo se impressionavam como eu corria. E no fim do jogo, acabava acendendo um cigarrinho para “relaxar”. Na época, eu era um fenômeno para mim mesmo. Hoje, penso que era insano.

A frase fundamental que me ajudou no processo para largar o cigarro foi: “se eu, fumando um maço de cigarros por dia, tenho um fôlego de dar inveja a muitos, imagine sem fumar então...”.

Passou-se mais um ano, e veio a decisão final, após um fim de semana na casa de praia com alguns amigos: “preciso largar o cigarro”. Tudo bem que foi com o auxílio de um remédio, que me custou R$ 700,00 na época. Mas não me arrependo, pois minha vida mudou por completo. Hoje eu tenho mais disposição, tenho mais vontade de desenvolver projetos, voltei a estudar, saboreio muito mais os alimentos, passei a beber muita água, e corro mais do que nunca no futebol, apesar de ficar mais lento a cada ano que passa por causa da idade.

A dependência química é, bem como quase tudo em nossas vidas, puramente psicológica. Se tivesse me dado conta antes, talvez não gastasse todo aquele dinheiro em um simples remédio. Mas, dos males, o menor.

Garanto que minha vida é dividida em “aC”, ou seja, antes do cigarro, e “dC”, depois do cigarro. Não sou um ex-fumante chato, mas adoro aconselhar aqueles que me perguntam sobre largar ou não o vício. Desculpe-me, meu caro McClane, e os outros, mas vocês devem largá-lo imediatamente.